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Eleições na Holanda testam força da extrema-direita na União Europeia

Em uma votação que é acompanhada com atenção pela União Europeia, quase 13 milhões de holandeses foram convocados às urnas nesta quarta-feira (15) para eleger o próximo primeiro-ministro do país e os 150 membros de sua Câmara dos Representantes.

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A disputa está concentrada em torno do atual premier Mark Rutte, que busca seu terceiro mandato consecutivo, e do líder ultranacionalista e eurocético Geert Wilders. Segundo o site Peilingwijzer, que agrega diversas pesquisas, o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), de Rutte, tem 17% das intenções de voto.

Já o Partido para a Liberdade (PVV), de Wilders, tem 14%. Outras legendas que aparecem bem posicionadas na briga são o Apelo Democrata-Cristão (CDA), de centro-direita, com 13%; o liberal-progressista Democratas 66 (D66), com 12%; e o verde GroenLinks, com 11%.

O social-democrata Partido Trabalhista (PvdA), que participa do governo junto com o VVP e teve 25% dos votos nas últimas eleições, está com apenas 7%. «Esperamos que sejamos nós a vencer, mas já deixamos nossa marca nessa votação. Qualquer que seja o resultado das eleições, o gênio não voltará para a lâmpada. A revolução patriótica começou e não será interrompida», afirmou Wilders depois de ter depositado seu voto.

Após ter liderado durante boa parte da campanha, seu partido, que propõe o fechamento das fronteiras e mesquitas, a proibição do Corão e a saída do país da UE, sofreu uma queda de popularidade nas últimas semanas. Além disso, ainda que vença, é improvável que consiga obter maioria no Parlamento.

Para formar um governo, um partido precisa ter pelo menos 76 das 150 cadeiras da Câmara dos Representantes, mas nenhuma sigla deve se aproximar desse patamar, criando as condições para um gabinete de coalizão envolvendo pelo menos três legendas.

Apesar de a Holanda ser um país pequeno, um eventual triunfo da extrema-direita teria um peso muito maior para a União Europeia do que o «Brexit». A nação dos canais é uma das fundadoras do bloco e sediou a assinatura do acordo que o criou oficialmente, o Tratado de Maastricht, em fevereiro de 1992, além de ser historicamente pró-Europa. «Essa é uma chance para uma grande democracia como a Holanda colocar um freio nessa forma destrutiva de populismo», declarou Rutte.

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De qualquer maneira, o partido de Wilders já impôs sua agenda ao debate político, concentrado em uma questão migratória que é mais midiática do que substancial e na hipotética «islamização» do país. Além disso, uma votação expressiva na legenda ultranacionalista, mesmo que derrotada, forçaria os grupos que formarão o novo governo a dar uma resposta a esse eleitorado.

O crescimento do PVV na Holanda ainda poderia servir de combustível para forças eurocéticas nas eleições na França, entre abril e maio, e na Alemanha, em setembro, os dois principais países da União Europeia.

As urnas ficarão abertas até as 21h (17h em Brasília), e pesquisas de boca de urna serão divulgadas logo em seguida. Até as 10h30, a afluência era de 15% dos eleitores, um aumento de dois pontos em relação a 2012.

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