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Em São Paulo, Soninha defende canabinóides para tratar usuários de crack

Futura secretária de Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine defendeu o uso de substâncias da maconha para atenuar os efeitos da abstinência em viciados em crack.

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A declaração foi dada nesta quinta-feira durante anúncio oficial de Soninha e de outros sete nomes que irão compor o secretariado do prefeito eleito, João Doria (PSDB).

“Defendo usar canabinóides como forma de reduzir os efeitos do sofrimento da abstinência do uso de crack. Pesquisas científicas em universidade federais e o núcleo de política sobre drogas dos EUA admitem que isso é possível”, afirmou a vereadora eleita pelo PPS, que abrirá mão da Câmara para ser secretária.

Soninha enfatizou que a proposta não é “fumar maconha para largar o crack”, mas utilizar uma das substâncias da erva – já aceita para tratar diversas doenças – como forma de minimizar o “sofrimento” daqueles que estão abandonando o vício.

“Hoje em dia estamos muitos mais abertos a discutir essa possibilidade do que estávamos há 20, 30 anos. Eu vou levar ao prefeito eleito (Doria) e ao futuro secretário de Saúde (Wilson Pollara) essa discussão.”

A futura secretária admitiu que o tema é “super-heterodoxo” e “tem muita resistência” e fez comparação com outra substância para aliviar a dor. “Alguém aqui é contra usar morfina no tratamento de câncer? Não.”

Há controvérsia

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Coordenador do programa Recomeço, do governo do Estado, que oferece tratamento para dependentes na cracolândia, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira criticou com veemência a proposta.

“É um misto de ignorância e irresponsabilidade. Não há nem o que discutir porque não há evidências.”

Segundo Laranjeira, o uso de  canabinóides contra o crack ainda é “absolutamente experimental” e as pesquisas oferecem “dados inconstantes” e pouco aprofundados.

O toxicologista do Hospital das Clínicas Anthony Wong afirmou que  a “fissuração” do crack tem sido combatida com eficácia comprovada com estimulantes e antidepressivos.

“Abstinência traz angústia, ansiedade, e a maconha pode melhorar essa fase. No entanto, nos usuários de crack, os estudos ainda não mostram que há melhora.”

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