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Mercadante afirma que jamais atuou para impedir delação de Delcídio

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, negou nesta terça-feira, em coletiva de imprensa, que tenha oferecido ajuda política, financeira e até mesmo jurídica junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) não «desestabilizasse» o governo.

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Segundo o ministro, uma campanha agressiva contra a família do senador, principalmente contra as filhas dele, teria motivado-o a tomar um «gesto de solidariedade pessoal».

«A iniciativa foi minha, porque me sensibilizei com a campanha contra as filhas dele», afirmou o ministro em sua declaração. Segundo ele, a ajuda foi oferecida «dentro da legalidade». «É incrível ter que prestar esclarecimentos sobre isso», protestou.

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De acordo com o petista, sua única iniciativa foi sugerir a discussão de uma tese jurídica que pudesse ajudar o senador a se livrar da autorização do Senado à sua prisão.

«Eu vou tentar um parecer jurídico que tente encontrar uma brecha pra que o Senado se pronuncie junto ao Supremo com o pedido de relaxamento da prisão, porque ela não se justifica mais. Acho que esse é o caminho que eu vejo», diz o ministro na gravação feita por um assessor de Delcídio.

Segundo Mercadante – gravado afirmando que precisaria conversar com o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowsky, para «encontrar uma saída» -, uma tentativa de obter a liberdade do senador no STF seria sequer viável e, por isso, não faz sentido as acusações de que ele teria oferecido este tipo de ajuda jurídica a Delcídio. «Não haveria ambiente para o STF soltá-lo», disse.

O petista também negou que tenha oferecido ajuda financeira ao senador. “Como que vou eu propor algum tipo de ajuda financeira?’ Eu falei de conversar com advogados, consultores jurídicos do Senado, que vejo um caminho”, afirmou.

Ministro diz que segue no cargo

Questionado se, por conta das acusações, deixaria o governo, Mercadante diz que permanecerá em seu cargo «enquanto tiver confiança da (presidente) Dilma (Rousseff)».

Mercadante também amenizou a ação de partidos de oposição, que pediram à Procuradoria-Geral da República (PGR) a sua prisão. «A oposição está no papel dela e estou aqui prestando todos os esclarecimentos», afirmou.

Delação aponta ajuda

Delcídio responde a representação no Conselho de Ética do Senado por ter sido flagrado tentando subornar a família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, para que este não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público. O filho de Cerveró, Bernardo, entregou a gravação da conversa em que o parlamentar oferecia R$ 50 mil por mês e um plano de fuga ao ex-diretor da estatal, o que levou Delcídio a ficar quase três meses preso.

Em sua delação premiada, homologada pelo Supremo, Delcídio acusou Mercadante de oferecer ajuda política, financeira e até mesmo jurídica. A delação dá detalhes de conversas de Mercadante com o assessor de confiança do senador, José Eduardo Marzagão, que gravou duas conversas, cujos áudios foram divulgados pela revista Veja – os encontros ocorreram no gabinete do ministro, quando Delcídio ainda estava preso.

Na delação, Delcídio afirmou que Mercadante tentou evitar que ele procurasse o Ministério Público Federal (MPF) e disse a Marzagão que «em pouco tempo o problema seria esquecido e que tudo ficaria bem». Além disso, ele contou que o ministro, ao ser informado que o senador estava gastando dinheiro com advogados, também disse que a questão financeira «poderia ser solucionada».

O parlamentar também «entendeu que Aloísio Mercandante agiu como emissário da presidente da República e, portanto, do governo». Mais à frente no texto, ele justificou a afirmação dizendo que Dilma Rousseff relutou em tirar o ministro da Casa Civil e colocá-lo na Educação, mas que “a despeito disso, prossegue sendo conselheiro político privilegiado”.

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