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Em Minas Gerais, doenças transmitidas pelo Aedes reduzem estoques de sangue

O crescimento de casos de zika vírus, dengue e febre chikungunya em Minas Gerais agravou um problema comum nessa época do ano: o nível baixo dos estoques de sangue. De acordo com a Fundação Hemominas, os casos mais críticos são os bancos de sangue do tipo O-, que está 50% abaixo do ideal, e O+, com redução de 26%. Em Belo Horizonte, os estoques chegaram a contabilizar uma queda de 80% no início do ano.

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Como não existem testes específicos para identificar as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti durante a triagem, os doadores precisam responder um questionário maior. “Expandimos para os possíveis casos de zika e chikungunya os mesmos cuidados que já eram tomados com a dengue. Durante a entrevista, são feitos diversos questionamentos para saber se o doador está sob risco de contágio, se esteve em algum lugar endêmico”, explicou o diretor técnico-científico da fundação, Fernando Basques.

Impedidos de doar

O Ministério da Saúde fez uma recomendação em dezembro do ano passado para que os hemocentros do país evitassem doações de pessoas que possam estar infectadas. Em casos positivos, o doador só pode voltar às unidades 30 dias após o término dos sintomas. Nas dengues hemorrágicas, por exemplo, o prazo chega a seis meses. E quem apresentar os sintomas do vírus até sete dias depois da doação, deve avisar à fundação para que o sangue seja descartado.

“Existe o risco de contágio pelos três vírus durante uma transfusão de sangue e, por isso, tomamos esses cuidados. O mais grave é durante o período assintomático e uma simples suspeita é tratada com o mesmo rigor para que não haja risco”, afirmou Basques.

A Hemominas ainda ressaltou a importância de que os candidatos à doação informem qualquer sinal de infecção pelas doenças, como febre, dores articulares e musculares, manchas pelo corpo, dor de cabeça, inchaço, tosse e vermilhão nos olhos. “É bom ressaltar a importância das pessoas doarem, visto que os estoques estão baixos e isso pode prejudicar os hospitais”.

Estudo de alternativas

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Para evitar a transfusão em pacientes e melhorar a situação dos estoques de sangue no país, uma equipe de médicos de Minas e São Paulo estudam alternativas. “Pacientes que receberam transfusões de sangue demoravam mais tempo a ter alta dos hospitais; tiveram índices mais altos de mortalidade e estavam mais suscetíveis a infecções e doenças pós-operatórias”, disse o cardiologista Alceu dos Santos. Segundo o médico, existem aparelhos que filtram o sangue do paciente e conservam o seu DNA, evitando com que o organismo o considere como corpo estranho. “Fizemos, inclusive, um retransplante de coração sem ter que recorrer à transfusão”, disse.

O Hospital Stanford, na Califórnia, é um dos exemplos. Com a redução de 24% no número de transfusões realizadas foi possível economizar US$ 1,6 milhão por ano. Além disso, eles perceberam que o tempo de internação caiu de 10 para 6  dias e a taxa de mortalidade foi reduzida de 5,5% para 3,3%.

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