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Putin ordena retirada de tropas da fronteira com Ucrânia

O governo anunciou nesta segunda-feira que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou que as forças russas perto da fronteira com a Ucrânia voltem às suas bases, mas a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os Estados Unidos dizem não terem visto nenhum sinal de uma retirada e que Moscou não cumpriu tais promessas anteriormente.

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Moscou reuniu dezenas de milhares de soldados perto das regiões fronteiriças, onde separatistas pró-Rússia declararam Estados independentes, e Kiev e os seus aliados ocidentais temem que essas tropas possam ser usadas para invadir o território ucraniano em apoio aos rebeldes.

Países ocidentais consideram as eleições presidenciais de domingo na Ucrânia um evento crucial para resolver a crise no país. Os EUA e a União Europeia ameaçaram aumentar as sanções contra Moscou se os russos interferirem na votação.

Seguranças na fronteira ucraniana disseram ter havido de fato uma diminuição da atividade militar russa na região fronteiriça, mas os EUA e a Otan disseram não haver indicação de que as tropas tenham recuado.

“Antes, víamos dez ou mais aeronaves voando ao longo da fronteira em um período de 24 horas, e veículos militares vinham diretamente à fronteira. Agora não há episódios assim”, declarou o porta-voz dos guardas de fronteira, Oleh Slobodyan.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que os Estados Unidos estavam cientes de relatos de que Putin ordenou a volta dos soldados às bases, mas “neste momento não vemos qualquer indicação de qualquer movimentação”.

O porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, reiterou a informação.

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Um cinegrafista da Reuters viu mais de uma dúzia de tanques deixando um campo de treinamento na região de Rostov. A televisão estatal russa também exibiu imagens de um número semelhante de tanques se retirando de uma instalação de treinamento na região de Belgorod.

Rebeldes armados tomaram cidades pequenas e grandes no leste ucraniano e realizaram referendos de independência, o que países ocidentais declararam ser uma farsa.

“Infelizmente, tenho que dizer que não vimos qualquer prova de que os russos começaram uma retirada de tropas das fronteiras com a Ucrânia”, declarou o secretário-geral da aliança atlântica, Anders Fogh Rasmussen, em uma coletiva de imprensa em Bruxelas.

“Acho que é o terceiro comunicado de Putin sobre a retirada de tropas russas, mas até agora não vimos nenhuma retirada”, declarou Rasmussen nesta segunda-feira. “Lamento muito isso, porque isso seria uma primeira contribuição importante para desacelerar a crise”.

Os Estados Unidos enviaram 600 soldados a três ex-países soviéticos do Báltico – Estônia, Letônia e Lituânia – e à Polônia para participar de exercícios para reforçar a presença da Otan no leste europeu.

Dando sinais da continuidade das tensões, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que os laços com a UE e a Otan precisam de “uma reavaliação substancial” à luz das desavenças em relação à Ucrânia.

Mas, como sinal de conciliação, Putin elogiou o que o Kremlin chamou de contatos iniciais entre o governo ucraniano e “apoiadores da federalização” que querem mais poder para as regiões de maioria russa no leste da Ucrânia.

Lavrov disse que a Rússia saudou as conversas que uniram o governo de Kiev aos representantes regionais, mas expressou preocupação de que o governo pró-Ocidente esteja usando as reuniões como “cortina de fumaça” enquanto leva adiante reformas constitucionais que não dariam autonomia suficiente às províncias.

Putin e Lavrov reiteraram a exigência russa de que Kiev encerre o que o Kremlin chamou de “operação punitiva” contra os separatistas e retire suas tropas. Kiev lançou uma operação militar contra os rebeldes, mas não conseguiu desalojá-los de suas bases no leste.

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