Na era digital, o acesso imediato à informação revolucionou a forma como entendemos nossa saúde, incluindo a saúde mental. No entanto, esse bombardeio excessivo de conteúdo nas redes sociais também deu origem a um fenômeno preocupante: o autodiagnóstico de transtornos mentais.
Clique aqui para receber as notícias de saúde, moda e beleza pelo WhatsApp
Diante da incerteza ou do desconforto, as pessoas recorrem a esses canais em busca de respostas rápidas e, sem orientação profissional, chegam a conclusões errôneas sobre suas próprias condições.
Nesse contexto, Fernanda Arozqueta, psicóloga clínica e fundadora do Doctor Fach, alertou sobre os riscos desse fenômeno. “Muitos pacientes chegam com diagnósticos que eles mesmos deram depois de assistir a um vídeo ou pesquisar na internet. Por exemplo, o TDAH é um dos mais comuns, mas também vemos casos de autodiagnóstico de transtornos mais complexos, como o autismo, sem ter passado por uma avaliação médica ou acompanhamento psiquiátrico”, observou ela em entrevista.

A especialista explicou que, ao vivenciar uma depressão grave e reconhecer a necessidade de apoio, identificou uma oportunidade de ajudar outras pessoas que enfrentam situações semelhantes. Foi essa experiência que a motivou a criar o Doctor Fach, uma plataforma de psicologia online pensada para levar apoio profissional a quem precisa, sem filtros ou barreiras econômicas ou sociais.
Mas, nesse mesmo processo, ela detectou um novo problema: o fluxo massivo de pessoas com autodiagnóstico. “Percebemos algo que não havíamos previsto. Muitos pacientes se apresentaram dizendo: ‘Eu tenho TDAH’ ou ‘Sou autista’, e quando perguntamos se um psiquiatra os havia avaliado, eles responderam: ‘Não, eu me diagnostiquei por meio de um vídeo do TikTok’.”

A especialista destacou que, ao assumir um diagnóstico sem uma avaliação profissional, as pessoas podem perder a oportunidade de realmente entender o que está acontecendo com elas e encontrar soluções eficazes para melhorar sua qualidade de vida, ficando presas em um rótulo que justifica seus comportamentos e limita seu crescimento pessoal.
Arozqueta enfatizou que um dos maiores desafios tem sido competir com o algoritmo das mídias sociais. De acordo com os dados fornecidos, cerca de 80% do conteúdo sobre saúde mental que circula nessas plataformas não tem validação ou respaldo clínico, e apenas 9% dos criadores têm alguma formação profissional. Embora não seja possível enfrentar esse fenômeno diretamente, ele pode ser neutralizado oferecendo informações claras, empáticas e responsáveis.
O autodiagnóstico pode promover uma visão limitada ou distorcida da saúde mental, dificultando processos terapêuticos eficazes e prolongando o sofrimento sem suporte profissional adequado.
Para a especialista, o desafio não é apenas disseminar conhecimento confiável, mas mudar a narrativa. “Nós também somos pessoas. Psicólogos também se deprimem, nós também tropeçamos. Por isso, acreditamos na comunicação sem hierarquias, de humano para humano, sem pretensões.”

Nem todos os transtornos mentais são iguais e seus sintomas podem variar
O autodiagnóstico pode levar a tentativas arriscadas de automedicação, aumentar a ansiedade e o isolamento, e alimentar uma cadeia de medo de buscar ajuda. Alguns transtornos exigem atenção urgente para evitar consequências graves. Com tratamento profissional, as pessoas podem gerenciar melhor seus sintomas, melhorar sua qualidade de vida e até mesmo se recuperar, por isso, buscar ajuda especializada é o primeiro passo essencial.
LEIA TAMBÉM:
5 sinais de que um homem frio te ama, mesmo que pareça o contrário
Montessori sem mitos e com propósito: educar com liberdade, limites e autonomia
O que acontece quando você usa maquiagem para ir à academia?
Assim, além de facilitar o acesso à terapia, Arozqueta busca apoiar aqueles que não sabem como dar o primeiro passo. “Muitos nos procuram com perguntas básicas: ‘Com qual psicólogo devo começar?’ ‘Que tipo de terapia preciso?’ E lá estamos nós, respondendo rapidamente, sem julgamentos, com carinho. Pedir ajuda é necessário”, afirmou. Sua visão para o futuro é clara: “Meu maior sonho é que isso cresça como um movimento de pessoas se ajudando. Que a saúde mental deixe de ser um privilégio e se torne um direito real de todos.”

