Estilo de Vida

Comer doce demais causa diabetes? Médica tira dúvidas sobre os mitos e verdades da doença

Estudo projeta que, em 2050, a população mundial terá 1,3 bilhão de pacientes diabéticos

Especialista explica quais os mitos e verdades sobre o diabetes OMS - Archivo (OMS/Europa Press)

Um estudo divulgado pela revista científica “Lancet” alertou que, até 2050, a população mundial terá o dobro de diabéticos. Isso significa uma projeção de 1,3 bilhão de pessoas com a doença. Muita gente acredita que evitar o consumo de doces é suficiente para se manter fora de risco de diabetes, mas nem todos os mitos são verdadeiros.

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A médica endocrinologista e metabologista Tassiane Alvarenga, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), diz que o estilo de vida saudável é um dos segredos para controlar e se manter longe da doença.

“Você pode escolher o bom controle dessa doença todos os dias. Plantar um estilo de vida saudável para colher saúde e qualidade de vida é uma decisão diária”, ressalta ela.

Só no Brasil, são cerca de 17 milhões de pessoas com diabetes. Por isso, a especialista esclarece quais são as principais causas e tratamento da doença.

Confira o tira-dúvidas sobre diabetes:

  • Diabetes tem causa genética

Verdade.

“Já se sabe que há uma influência genética significativa na fisiopatologia do diabetes. Ter um parente de primeiro grau com a doença aumenta consideravelmente as chances de você ter também. O diabetes tipo 2 tem uma maior predisposição genética que o diabetes tipo 1″, explica a médica.

“Se um dos pais tem diabetes, ocorre uma chance três vezes maior de o filho desenvolver a doença ao longo da vida. Se pai e mãe possuem esta condição, o risco aumenta em seis vezes.”

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  • Diabetes geralmente não causa sintomas

Verdade.

“Em cerca de 50% dos casos, a doença fica assintomática nas suas fases iniciais e intermediárias”, segundo a médica.

  • Comer muito doce causa diabetes

Mito.

“Mais ou menos 90% dos casos de diabetes são do tipo 2, que é desencadeado por fatores conjugados, como tendência genética, ganho de peso, alimentação errada e vida sedentária”, explica Tassiane.

“A ingestão de doces contribui com o excesso de calorias, a verdadeira razão do ganho de peso. Ainda assim, mesmo que o paciente não consuma muitos doces, outros alimentos como pães, arroz, massa ou qualquer item rico em carboidrato tem o potencial de estimular o ganho de peso e, por consequência, favorecer o risco de desenvolver diabetes”, pontua a endocrinologista.

Segundo ela, o consumo desses produtos em excesso aliado à tendência genética e ao sedentarismo, por exemplo, pode estimular a doença. Ou seja, o principal fator de risco para desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida é o ganho de peso.

  • Todo produto diet é liberado para os diabéticos

Mito.

É preciso entender a diferença entre produtos Diet e produtos Light. Os alimentos diet se destinam a grupos populacionais com necessidades específicas e significa que o produto é isento de um determinado nutriente. Na maioria dos casos, os produtos diet são livres de açúcar, mas é importante comprovar se o nutriente retirado foi mesmo o açúcar, e não gordura, sódio ou outro componente.

O produto pode, ainda assim, apresentar calorias, tornando seu consumo sujeito a restrições para diabéticos. Além disso, os produtos dietéticos sem adição de açúcar podem conter outras formas de carboidratos que também interferem na glicemia, como frutose, lactose, amido ou maltodextrina. “O mais importante é usar com moderação e ficar sempre de olho na quantidade de carboidratos contida no produto”, recomenda a endocrinologista.

Por sua vez, os alimentos light são direcionados a pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Eles apresentam redução mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias, quando comparado ao produto convencional. “A redução de calorias pode vir da diminuição no teor de qualquer nutriente (carboidrato, gordura, proteína), mas não quer dizer que seja sem açúcar”, alerta Tassiane.

  • Tenho Diabetes e vou ter problemas nos rins, olho e coração

Mito.

“O bom controle da glicemia é capaz de evitar todas as complicações”, garante a especialista.

  • Estresse pode subir a glicose no diabético

Verdade.

De acordo com a médica, o estresse pode levar ao descontrole glicêmico (açúcar alto no sangue) por vários motivos. “A primeira razão tem causa hormonal: o estresse crônico aumenta o nível do hormônio cortisol, que ocasiona, dentre outras coisas, o aumento da gordura abdominal, que, por sua vez, aumenta o risco de diabetes”, explica ela.

A segunda razão, continua a médica, se revela justamente por meio do comportamento: “O estresse aumenta a fome, a gula e a ansiedade, o que faz o paciente ir em busca de alimentos ricos em calorias, como bolo, pizza, chocolate e massas, entre outros”, diz a especialista.

Quem deve investigar se pode estar com diabetes?

  • Toda pessoa acima de 45 anos;
  • Pacientes com menos de 45 anos que apresentem sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2);
  • Pessoas sedentárias;
  • Quem tem histórico familiar de diabetes tipo 2;
  • Pacientes HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), ou seja, pessoas com pressão alta;
  • Pessoas com DLP (Dislipidemia): colesterol e triglicerídeos;
  • Indivíduos com acantose nigricans, aquela mancha escurecida e aveludada no pescoço, virilha e axilas. Ela é um sinal de que o pâncreas está sobrecarregado;
  • Crianças com sobrepeso e fatores de risco também devem ser investigadas.

Como faz para diagnosticar o diabetes?

  • Teste de glicemia em jejum;
  • Teste oral de tolerância a glicose (1 copo com 75g de glicose): medir a glicemia 2 horas depois;
  • Hemoglobina glicada: exame que fornece a média da glicemia dos últimos 3 meses e se torna um excelente parâmetro para avaliar se o diabetes se encontra ou não bem controlado;
  • Teste DXT acima de 200, com muita ingestão de água, urinando em excesso, fome e perda de peso

A pacientes que usam medicação, Tassiane pede atenção: “O ideal é usar um remédio que controle o açúcar, mas que também ajude o paciente a emagrecer”, diz ela, ao pontuar que a obesidade é um dos grandes fatores fortalecedores da doença”.

Para ela, a medicação deve, ainda, ajudar na diminuição da circunferência abdominal (barriga), no controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol e triglicerídeos, além de diminuir a chance de infarto e AVC, a principal causa de morte no Brasil e no mundo.

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