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Candidato, Paulo Garcia descarta fazer empréstimo ao Corinthians

Paulo Garcia Reprodução/YouTube

Paulo Garcia conseguiu nesta semana uma liminar para se manter na disputa pela presidência do Corinthians e espera aproveitar a oportunidade. Ele garante que desta vez não desistir do pleito, como ocorreu na eleição passada. Após Felipe Ezabella, Romeu Tuma Júnior e Andrés Sanchez, agora é vez do empresário, um dos sócios da Kalunga, contar ao Estado seus planos para o clube.

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O candidato à presidência garante que não irá colocar dinheiro no clube e prometeu tirar seu irmão e agente de vários atletas do Corinthians, Fernando Garcia, do clube. Confira a entrevista:

Porque acha que é o melhor candidato?

Sou o melhor candidato, porque entendo mais de Corinthians do que os outros candidatos e sou empresário. E uma das primeiras coisas que farei é olhar as finanças, pois a gente não sabe como estão as coisas lá.

E como fazer o clube gerar mais receita?

Planejamento é a palavra. O Corinthians tem receita, sim, como outros clubes também tem, mas é administrado de uma forma ruim. Falta gestão, não tem planejamento e transparência. Gasta mais do que arrecada e por isso tem que ficar antecipando receita e isso vira uma bola de neve.

A falta de transparência faz com que exista uma preocupação sobre o que vai encontrar se assumir o clube?

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Com certeza. Vou dar transparência para tudo. Evidentemente, tem coisas que não podem ser divulgadas, por questão de confidencialidade e contrato, mas na receita geral, tem que englobar tudo e divulgar o balanço, sem esconder nada. Eu vou falar didaticamente as despesas e gastos para não ter nenhuma dúvida sobre o que está acontecendo no clube.

Você conversou com todos os outros candidatos, fez mistério e só nos últimos dias antes do prazo para lançar a chapa, anunciou que seria candidato. Você estava vendo o que poderia ganhar se aliando com outro candidato, analisando a chance de vitória ou sondando possíveis ideias?

Nós fizemos uma pesquisa no clube e, se eu não tivesse chance de ganhar, nem iria concorrer. Eu tive propostas para me aliar com outros candidatos, que não vem ao caso citar, mas preferi ser independente. A gente está muito a vontade com isso e acho que ficar fazendo loteamento no clube, oferecendo cargo em troca de apoio, é bem pior. Mas sim, conversei com alguns candidatos e as conversas foram sempre muito boas. Quanto a demora para anunciar a candidatura, eu sabia que seria candidato, só que quis esperar o Flávio Adauto terminar o trabalho dele (como diretor de futebol da gestão Roberto de Andrade) e o (Emerson) Piovesan precisava fechar o balanço do clube (ele era diretor financeiro da atual diretoria).

Na eleição passada, você retirou a candidatura. Pode fazer o mesmo na reta final?

De forma nenhuma. Essa história virou até uma situação complicada e é uma boa oportunidade de explicar. Na outra eleição, tinha só eu como oposição. O Roque (Antônio Roque Citadini) entrou na disputa e começou a rachar a oposição. Fizemos um acordo em que o Roque seria o presidente e eu ficaria como o presidente do Conselho. Então, eu não retirei a candidatura. Apenas fiz um acordo para tentar ganhar a eleição.

Sendo o dono da Kalunga, é possível que a empresa volte a patrocinar o clube, como fez no passado (patrocinou o clube de 1985 a 1994) ou até mesmo fazer uma parceria como existe entre Crefisa e Palmeiras?

O estatuto não permite e mesmo se permitisse, eu não faria, porque o Corinthians não é uma instituição filantrópica. É uma empresa que precisa ser bem administrada e apelar para esse tipo de parceria é incapacidade. Não preciso emprestar dinheiro também, pois o Corinthians tem uma marca forte para se manter. Mesmo se pudesse trazer a Kalunga, eu não traria, pois é um desgaste desnecessário e antiético. É a mesma coisa do nepotismo, não acho legal.

Por falar nisso, seu irmão, Fernando Garcia é empresário de vários jogadores do Corinthians: Walter, Vilson, Renê Júnior, Lucca, Maycon, Marciel (emprestado para a Ponte Preta), e Guilherme Romão, entre outros. Era agente de Guilherme Arana também. Vai manter os jogadores no elenco e mais atletas do seu irmão chegarão ao Corinthians?

O Fernando é um cara correto. Conheço ele antes mesmo dele nascer, pois sou mais velho. A profissão dele é legal, mas tem uma questão de nepotismo que não podemos ignorar. Os jogadores que estão no clube continuam, até para não desvalorizá-los, mas não vou mais contratar jogadores dele. Prefiro não ter mais vínculo. Pode colocar isso como promessa, pois garanto que não vai ocorrer.

O Alessandro vai continuar como diretor?

Creio que sim, mas precisamos ter uma equipe. Uma coisa mais profissional, com gente remunerada e mais cobrança. Não dá mais para ter amadorismo.

O que pretende fazer no Parque São Jorge?

Temos que ter uma visão global. Tem a área social, a Arena, a base e o time profissional. Todos terão que ser tratados como prioridade. Tenho que fazer um plano diretor para o clube de um planejamento de dez ou 15 anos. A ideia é fazer uma grande mudança, não como é hoje, que é tudo improvisado. Tenho a ideia de construir um shopping lá dentro, com ajuda da iniciativa privada. Podemos criar também uma arena, mas é algo que precisa ser debatido. Temos que fazer com que o clube volte a ser uma entidade de família. Hoje, temos um clube envelhecido. Vamos levar ginástica e hidroginástica para os mais velhos e tentar incentivá-los a trazer seus netos pois eles são consumidores do futuro.

Como resolver o fato de muitos jogadores da base terem seus direitos econômicos fatiados e uma parcela pequena pertencer ao Corinthians?

Esse é um assunto bastante complicado. O melhor dos mundos é ter 100% dos meninos, mas é difícil. Tem que ter administração competente e profissional para não ter mais aquela coisa de amigos que indicam o menino «tal». Tem que ter pessoas competentes na área e ter as finanças em dia para não precisar recorrer a isso.

E como ter finanças em dia?

Eu tenho que pegar os contratos para te responder isso. A gente não sabe o que tem lá dentro do clube. Não há nada impossível.

O Itaquerão é uma fonte de receita que precisa ser melhor utilizada ou um problema a ser administrado?

A gente precisa ver os contratos para saber a real situação. Falam que é coisa de R$ 1,8 bilhão o total da dívida. Se for isso, é inviável pagar. Tem que pegar o contrato, discutir e chegar em um termo. Caso não consiga, vamos atrás de outro meio. O que eu penso é que a Arena deveria ter consultado empresas para gerir o local. Seria um problema a menos e receita a mais. Vou consultar para ver se é possível uma empresa gerir a Arena.

A venda dos naming rights vai sair na sua gestão?

É possível. Eu vou procurar empresas nacionais e internacionais que queiram assumir tudo. Existem empresas que administram, patrocinam o estádio e a última coisa a ser feita é o naming rights. O país teve muitos problemas de políticas e de economia. Não digo que isso foi o problema, mas acho que dificultou o acerto com uma empresa. O ideal seria ter inaugurado a arena com o nome.

Pensa em mexer nos planos de sócio-torcedor e no preço dos ingressos?

Defendo a ideia de que para os mais favorecidos, o ingresso tem que ser um pouco mais caro, como um espetáculo qualquer. Penso em criar um setor popular para atender todas as classes. O menos privilegiado tem que pagar menos.

Defende a ideia de investir em outros esportes?

Claro, pois isso deixa o Corinthians mais forte. Basquete, vôlei e outros esportes olímpicos ajudam a engrandecer a marca. Corinthians é o time que mais tem tradição em outros esportes, dentre os clubes de futebol.

Confira também a entrevista com Paulo Garcia ao site «Meu Timão»

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