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Maior ídolo do Grêmio, Renato volta a fazer história pelo clube

Nádia Raupp Meucci/Reprodução

Em tempos bicudos em que se questiona o que é arte, Renato Portaluppi mostra mais uma vez que é possível se expressar artisticamente de várias formas. Não é preciso ter o domínio do pincel como tem Vitório Gheno, artista plástico e fervoroso gremista que pintou este retrato do maior ídolo tricolor. Pode-se ser Renato, um artista do futebol. Ou ser Renato e Gheno, artistas do Grêmio.

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Um traço bem feito sobre uma tela branca é como um drible bem aplicado por um atacante ou uma substituição bem feita por um técnico ou ainda, para aquelas obras mais contestadoras, a insistência em determinados jogadores. No mundo das artes e da bola é preciso ser ousado para vencer.

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Ousadia, talvez seja a principal característica de Renato como jogador. Com corpo de zagueiro, ele era um atacante incisivo. Seu abuso, entretanto, por vezes borrava o que era feito em campo.

Em duas oportunidades, Renato esteve próximo de sair do Grêmio. Primeiro, quase foi emprestado ao Operário-MS. Depois, quando já era campeão da América, foi multado pelo então presidente Fábio Koff por dirigir em alta velocidade no estacionamento do Olímpico. Contestou a penalização e Koff pediu para verificarem as contas de uma eventual rescisão. Logo depois, o atacante voltou perguntando se poderia pagar a punição com o bicho do Mundial. Puro jogo de cena desse artista.  Lógico que Renato não deixaria o clube e Koff não o mandaria embora.

Não foi porque seus pés já tinham colorido a América de azul e acrescentar ao mundo, azulado por natureza, o preto e o branco.

Quase 20 anos depois de seu último jogo oficial, Renato colocou a sua idolatria em risco como técnico do Grêmio. A relação entre ele e o planeta tricolor é tão sólida que nem gritos de “burro” por uma escolha mal feita ou uma derrota improvável diminuiria o amor do Grêmio por Renato e de Renato pelo Grêmio.

Ao vencer a Libertadores pela segunda vez com o Grêmio, o primeiro brasileiro a fazer isso como jogador e técnico, Renato se transforma no traço de uma grande pintura que atravessa uma tela, sendo o elo de 1983 e 2017. Renato domina a arte de ser campeão. É o maior artista gremista.

Se Lara está no hino, Everaldo é a estrela da bandeira, nada mais justo que Renato Portaluppi tenha a sua desejada estátua. 

André Mags: Otaner

Que homem é Renato. Renato fundou o Grêmio universal, que ganha de uruguaios, alemães e argentinos. Renato, com seu corpo de zagueiro espadaúdo, meias arriadas, dribles dementes em imagens desgastadas de TV que agora podemos reviver no YouTube em eterno looping.

Nenhum clube teve Renato como Renato teve o Grêmio. E em um arroubo da loucura do gremismo, ninguém poderia esperar que aquele Renato driblador se transformaria em gênio à beira do campo para nos dar mais um título universal. Desta vez, sem entrar em campo.

Renato é a vingança do empirismo contra o academicismo. Renato não precisa estudar. Renato é. Renato nasceu assim. Renato aprendeu a vencer.

Nunca mais alguém conseguirá um título da América em um balão para a área ou de uma tomada de La Fortaleza desta maneira. Mas para sempre somente nós teremos Renato. Para o Grêmio, Renato renascerá sempre.

Renato é bom até ao contrário.

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