Esporte

Após viagem de 7 horas, torcedor solitário vê goleada e grita ‘olé’ para 270 rivais

Torcedor teve influência de amigos para torcer pelo Angra Reprodução

De uma relação que começou aos 10 anos de idade, a paixão de Daniel Oliveira, pelo Angra dos Reis Esporte Clube, equipe do interior do Rio de Janeiro, só cresceu. Até que na última segunda-feira, o jovem de 19 anos provou sua fidelidade de uma maneira curiosa, sendo o único torcedor do clube presente na vitória por 4 a 0 sobre o Ceres, pela terceira divisão do Carioca, no estádio da Rua Bariri.

ANÚNCIO

“Foram quase 7h de viagem, peguei três ônibus e uma van. Fui perguntando para várias pessoas como chegar», revelou Daniel ao Portal da Band. «Me senti uma estrela, porque era eu contra 274 torcedores do Ceres. Todos os jogadores queriam me abraçar, normalmente acontece o contrário. O sacrifício valeu a pena e sempre vai valer», afirmou.

Do quintal de sua antiga casa, no Morro da Glória II, Daniel conseguia assistir aos jogos do Angra, no estádio Jair Toscano de Britto. À época, meados de 2008, o que chamou a atenção do menino para o time da cidade foi a presença de Viola, ex-camisa 9 do Corinthians e campeão da Copa de 1994 pela Seleção. No entanto, os 1,5 km de distância não permitiam uma vista privilegiada das partidas.

«A cidade inteira parou para ver o Angra jogar por causa do Viola», disse o torcedor. «Meu pai não me deixava ir ao estádio por eu ser pequeno. Eu fui em apenas dois jogos naquele ano, mas assistia a todos os outros do quintal de casa. Eu só sabia quem era o Angra depois do gol, quando a torcida comemorava», acrescentou.

Aproximação com o clube

Daniel Oliveira é membro da torcida uniformizada do Angra

Menos de dois anos depois, no réveillon 2010, o deslizamento de terra que matou 53 pessoas em Angra dos Reis teve grande participação na aproximação de Daniel com o Tubarão. Parte das 250 famílias que tiveram de abandonar suas casas, pelo risco de cair, D7 – como é conhecido – precisou se mudar às pressas.

«Foi o pior momento da minha vida. Minha família não tinha condição muito boa. Meu pai juntou um dinheiro e reformou a casa toda. Passamos o Natal em obra e ela só ficou pronta no dia 29 de dezembro. Passamos o reveillón lá, com os nossos parentes do Rio, e eu fui dormir», contou Daniel.

ANÚNCIO

«Todo dia eu tinha a mania de ir para o terraço, me espreguiçar e fazer oração. Mas nesse dia eu fiz o contrário, primeiro fui tomar café e vi minha mãe chorando na sala. Ela não quis me contar o que era, só pediu para eu confiar nela e no meu pai. Quando eu fui para o terraço, vi minha casa pendurada. A defesa civil foi lá e interditou. Um tempo depois, demoliram a minha casa», completou.

Foi em seu lar provisório – pago pela prefeitura -, onde ele fez amizades que tiveram influência direta na sua maior paixão. «Eu conheci meu vizinho, Mateus, que morava na casa debaixo da minha, e ele começou a me levar para os jogos do Angra. Desde então eu comecei a frequentar a torcida. Meu primeiro jogo com meus amigos me fez sentir como se eu estivesse no Maracanã», disse.

Tubarão-azul pede ajuda

Membro atuante na torcida uniformizada do Angra, Daniel fez um apelo devido a atual situação do clube, que enfrenta uma grave crise financeira.

«Meu apelo é para que os empresários e pessoas que gostem de futebol ajudem o Angra. Meu time é carente, sempre atrasa salários dos jogadores, e eu fico com medo do time não entrar em campo. Aqui é uma cidade turística e que gosta de futebol. Eu creio que se ajudarem o Angra a crescer, não vai demorar muito tempo para estarmos jogando o Campeonato Brasileiro», finalizou.

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias