Esporte

‘Não renunciei, só deixei o cargo disponível’, diz Joseph Blatter

No começo do mês, Joseph Blatter convocou uma coletiva de imprensa às pressas e surpreendeu o mundo do futebol ao colocar seu cargo de presidente da Fifa à disposição, apenas quatro dias após ser reeleito.

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O discurso foi interpretado como uma renúncia, afinal, além de deixar a presidência à disposição, Blatter convocou novas eleições, que devem ser realizadas entre dezembro deste ano e março de 2016. Agora, o suíço disse que não é bem assim e que pode ficar.

“Eu não renunciei. Eu deixei meu mandato disponível a um congresso extraordinário”, declarou nesta sexta-feira, durante a inauguração de um museu da Fifa em Zurique, na Suíça. “Não estou pronto para um museu ou para virar um boneco de cera”, completou.

Há dez dias, um dos assessores de Joseph Blatter disse à emissora de TV “Sky News”, que o dirigente está considerando ativamente reverter sua promessa de renunciar à presidência da Fifa.

Klaus Stoehlker, que aconselhou Blatter durante a mais recente campanha eleitoral, disse que Blatter vai continuar como chefe da organização responsável pelo futebol mundial, caso um «candidato convincente» para substitui-lo não apareça.

Entenda o caso

Investigações conduzidas pelo FBI, nos EUA, culminaram na prisão de sete dirigentes de peso no futebol em Zurique, na Suíça. Reunidos para a eleição do próximo presidente da entidade, os cartolas foram detidos pela polícia suíça no hotel Baur au Lac. Entre eles, está o ex-presidente da CBF entre 2012 e 2015 e atual vice da entidade, José Maria Marin, que permanece detido na Suíça.

No total, a investigação chegou a 14 nomes. Além dos sete dirigentes que já foram presos, sete foram indiciados. O brasileiro José Lázaro Marguiles, que seria um intermediário nas operações ilegais, é um deles. Outras quatro pessoas, incluindo o empresário José Hawilla, do grupo Traffic, são réus confessos no esquema. Dessas 18 pessoas, 11, entre elas Marin, foram banidas pela Fifa de quaisquer atividades ligadas ao futebol.

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As acusações são de extorsão, fraude, conspiração e lavagem de dinheiro para acordos em torneios como as Eliminatórias, Copa América, Libertadores e Copa do Brasil. O esquema dura, pelo menos, 20 anos e movimentou mais de US$ 150 milhões (R$ 476 milhões) até agora. O valor pode ser muito maior.

Com a prisão dos cartolas e as notícias sobre o andamento das investigações, a pressão sobre a Fifa só aumentou. Diante deste cenário,Joseph Blatter, presidente que havia sido reeleito ao seu quinto mandato no dia 29 de maio, renunciou ao cargo. O secretário-geral da entidade e braço-direito do suíço, Jérôme Valcke também está em situação delicada pela suspeita de participar de pagamento de propina.

O escândalo respingou até mesmo no ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que deixou o comando da confederação em 2012. No Brasil, a Polícia Federal pediu o indiciamento do cartola por quatro crimes (lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documentos público). Entre 2009 e 2012, Teixeira teria movimentado R$ 464,5 milhões de suas contas bancárias, o que chamou a atenção das autoridades.

Como funcionava o esquema

Empresas de marketing esportivo subornavam dirigentes para ganhar apoio e colocar sua marca nos eventos da Fifa, Conmebol, CBF e outras entidades. Foi assim que Marin recebeu cerca de R$ 2 milhões por ano da empresa Traffic, por direitos de transmissão da Copa do Brasil, como propina, de acordo com as investigações. Marin também está envolvido em acusações de suborno de edições da Copa América até 2023.

Nem o contrato da CBF com a Nike escapou do FBI. A acusação é de pagamento de suborno em relação ao contrato da principal patrocinadora da Seleção Brasileira, que vem desde 1996. “O futebol é um belo jogo. Mas foi sequestrado. A vítima é o futebol. Essas pessoas conseguiram muito dinheiro graças ao amor que esse esporte desperta”, disse o diretor do FBI, James Comey. “Estamos dando um cartão vermelho para a Fifa”, completou Richard Webber, da Receita Federal americana.

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