A pressão sobre “McCartney III”, álbum de Paul McCartney que fica disponível na sexta-feira, é grande. Gravado em plena pandemia, o trabalho fecha a trilogia iniciada com “McCartney”, de 1970, primeiro solo após o fim dos Beatles, e composta ainda por “McCartney II”, lançado dez anos depois.
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Esses títulos se destacam na discografia porque foram encarados como prova do talento de Macca longe de John Lennon e do lendário produtor George Martin.
De quebra, reforçaram sua sede por reinvenção. Experimentais até o osso, naquele contexto os álbuns demoraram a cair nas graças da crítica, que hoje reconhecem o valor da teimosia de Paul. De “McCartney”, “Maybe I’m Amazed” virou até hit em casamentos. De “McCartney II”, veio “Coming Up”.
Assim como seus irmãos mais velhos, “McCartney III” é um mergulho solitário: o músico de 78 anos se trancou em seu estúdio caseiro e gravou sozinho todos os instrumentos, um processo que ele apelidou de “rockdown”, o encontro do rock com o lockdown. Seu álbum anterior, “Egypt Station”, havia sido lançado em 2018.
Quarentenado com a família em uma fazenda em Sussex, no sul da Inglaterra, McCartney começou o álbum movido pelo tédio, após finalizar uma trilha sonora. “Pensei: ‘O que vou fazer em seguida?’”, contou em comunicado à imprensa.
“Começava cada dia gravando com o instrumento em que escrevi a canção e, gradualmente colocando camadas, foi bem divertido. Fiz músicas para mim em vez de compor coisas que tinham que cumprir uma função. Fiz coisas que tive vontade de fazer. Não tinha ideia que isso resultaria em um disco”, completou.
As gravações registraram ao vivo os vocais de Paul, acompanhado por violão, guitarra ou piano. Bateria e baixo foram acrescentados depois. Entre os equipamentos, muitas relíquias, como o violino Hofner e o mellotron usados em gravações dos Beatles nos estúdios Abbey Road, além de um contrabaixo de Bill Black, músico do trio de Elvis Presley, ídolo máximo da sua juventude.