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Com ‘Vidro’, M. Night Shyamalan propõe jeito mais realista de levar universo de heróis para os cinemas

Divulgação

A cena final de “Fragmentado” (2017) deixou os fãs do cinema de M. Night Shyamalan de queixo caído. Quando o conflito central do filme parecia ter se resolvido e não havia por que esperar mais alguma surpresa, eis que o diretor coloca Bruce Willis na frente da tela e, em poucos segundos, conecta aquela história com a de “Corpo Fechado” (2000).   

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Quase 20 anos depois,  Shyamalan consegue, enfim, apresentar o epílogo do que havia imaginado inicialmente como uma trilogia em torno de um universo de heróis originais.

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“Vidro”, que estreia nesta quinta-feira (17), se propõe a brincar com um gênero que, ao longo da última década, rendeu bilhões de dólares ao estúdios de cinema, mas ficou engessado em uma fórmula que já apresenta sinais de desgaste.

O diferencial, neste caso, é o fato de o diretor – que também é roteirista – ser o criador dos personagens, pensados diretamente para o cinema, e não para as páginas dos quadrinhos.

Não se trata, portanto, da adaptação de um universo já consolidado, mas da fundação de uma mitologia que se vale da estrutura das HQs para guiar o olhar e a dramaturgia cinematográfica.

Outro elemento importante é o estabelecimento dessa história a partir de uma chave realista, que tenta imaginar superpoderes como o aperfeiçoamento de características humanas despertadas a partir de gatilhos psicológicos.

Na trama, acompanhamos o “inquebrável” David Dunn (Willis), agora atuando como herói vigilante, no encalço de Kevin (James McAvoy), homem com transtorno de personalidade que, após cometer uma série de assassinatos, acabou foragido ao fim de “Fragmentado”.

Pegos de surpresa, os dois são presos e jogados numa prisão dedicada a pessoas com problemas mentais. É o mesmo lugar onde se encontra Elijah (Samuel L. Jackson), responsável pelo acidente de trem do qual Dunn foi o único a sair vivo.

Eles são monitorados pela doutora Ellie (Sarah Paulson), devotada a provar que os superpoderes de seus pacientes são meros frutos de delírios psicológicos. Em paralelo a isso, pessoas ligadas a cada um dos três farão de tudo para protegê-los.

O longa é uma declaração de amor aos quadrinhos, dos quais ele toma emprestado a estrutura narrativa. Por vezes, o resultado soa didático demais, mas o diretor sabe orquestrar seus personagens de forma a preservar a surpresa das viradas narrativas mesmo quando elas já são esperadas pelo público.

Esse fato demonstra a tremenda habilidade de Shyamalan não apenas em contar histórias, mas também em contornar as armadilhas inerentes às fórmulas de gêneros, algo que ele já havia experimentado ao lidar com o terror.

Isso faz com que “Vidro” seja divertido sem ser óbvio, representando um bem-vindo sopro de ar fresco em um panorama que, de tão padronizado, tem deixado o cinema-pipoca cansativo.

Shyamalan nos lembra que, tal como seus personagens, é possível evocar originalidade a partir do ordinário. Basta imaginação.

Assista ao trailer de «Vidro»:

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