A atriz Cleo Pires, de 34 anos, dispensa introduções. Acostumada aos holofotes, a filha de Gloria Pires e Fábio Junior tornou seu nome uma marca forte nas redes sociais ao expor seu dia a dia, investindo em projetos autorais de vídeos e editoriais, ao mesmo tempo em que se dedica a projetos de desenvolvimento de produtos – como sua linha de roupas para a marca Triton, que chega ao mercado no próximo ano, além de coleções de óculos e produtos de lifestyle que chegarão às lojas em breve.
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No último sábado (5), Cleo postou um vídeo em que estava tomando uísque em uma garrafa presenteada por um amigo. Em pouco tempo, o vídeo viralizou no Twitter, acompanhado de questionamentos sobre o conteúdo da garrafa, e acabou tornando-se o assunto mais comentado no Brasil na rede social na segunda-feira (7).
Na entrevista exclusiva a seguir, Cleo, que recentemente se mudou para São Paulo, fala sobre a liberdade de expressão que encontrou nas redes sociais e suas controvérsias – algo que o que o país inteiro adora acompanhar.
Qual é o papel das redes sociais na sua vida?
Para mim, é uma ferramenta de comunicação. Na verdade, minha adaptação não foi fácil para as redes. Foi um processo longo e árduo. Eu sempre gostei de tecnologia, mas tinha um certo preconceito, pois tinha medo de ficar exposta. Tive uma infância e adolescência muito mais expostas do que eu gostaria, mas entendi que isso não foi algo que eu escolhi. Independentemente da minha escolha, eu estaria em evidência de qualquer maneira, porque sou uma pessoa pública. Com esse entendimento, hoje, uso essas ferramentas para minha autonomia e minha independência, tanto criativas e financeiras quanto intelectuais. Não fazia sentido eu ter essa resistência. Eu tinha que virar essa chave.
Tenho a impressão de que, antes, você não se sentia confortável nesse ambiente de exposição.
Uso essa ferramenta para o meu aperfeiçoamento, da minha independência, do lugar onde quero chegar. É uma ferramenta muito poderosa. E percebi que me expor é muito mais interessante do que ser exposta, porque, em algum momento, sempre alguém vai pegar alguma coisa e falar de mim como quiser, me fotografar como quiser. Deturpam inclusive coisas que eu mesma posto – mas sou eu me expondo. Tenho o embasamento de ter escolhido colocar aquilo daquela forma. Existe uma coerência por trás disso. Eu não sou vitima de nada, e esse pensamento foi o que mudou tudo para mim. Comecei a amar e mergulhar a fundo nesse universo. Passei a querer aprender e otimizar minha comunicação com o público através das redes. Nós sempre nos tornamos produtos, querendo ou não, mas, nas redes, você não está refém do que as pessoas querem porque, querendo ou não, como atriz, você sempre está a mercê de um diretor, de um produtor, de um roteiro – o que faz parte da dinâmica. Existem lugares onde devemos apreciar essa dinâmica. Eu tenho muito valor pelo meu ofício de atriz, mas ter um lugar em que eu possa me expressar de maneira plural, assim como eu sou, é muito libertador. Para o artista, ter esse entendimento e usar as ferramentas disponíveis dessa forma é muito empoderador.
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Você sente que as mídias sociais te dão um controle maior sobre a interpretação a seu respeito?
A mídia sempre vai dar sua interpretação. Isso não vai mudar. Como aconteceu comigo nesta semana. Eu estava tomando uísque em uma festa e viralizou que eu estava cheirando lança-perfume. A má interpretação sempre vai existir, mas, a partir do momento em que eu mesma postei, eu não faria isso, né? É outro tipo de controle que você tem sobre o que sai na mídia sobre você.
Hoje vemos artistas usando as redes sociais para mostrar o seu estilo de vida e promover produtos e serviços, criando novos modelos de empreendedores. Você se identifica com isso?
Sempre gostei da ideia de cruzar interesses por meio da minha imagem. Eu posso lucrar com coisas de que realmente gosto. É uma publicidade, sim, mas é verdadeira. Não tem nada de errado em fazer o seu dinheiro, fazer uma vida boa. Acho que temos tudo dentro de nós, áreas mais desenvolvidas e outras menos, mas eu com certeza aprendi a desenvolver muita coisa. As mídias sociais me permitem explorar novos potenciais, criar parcerias muito legais que me dão muito mais liberdade porque vêm de acordo com minha personalidade e a maneira como eu me posiciono. Isso é genuíno e verdadeiro.
Quem você segue nas redes?
Eu sigo muitas contas de revistas, conteúdos que gosto de acompanhar. Sigo amigos. Amo a Rihanna, e acho que as Kardashian usam muito bem as ferramentas, com foco em negócios. Independentemente de eu concordar ou não com o que elas dizem, eu simplesmente não consigo olhar e dizer que não é relevante, porque é! É um empoderamento feminino em outro lugar. Em poder ganhar seu dinheiro, sendo bonita e sexy, se quiser sendo vulgar, fútil ou profunda. Ninguém tem nada a ver com isso. A vida é isso. Às vezes estamos no superficial e às vezes no profundo. Muito de uma coisa só é muito chato. Essa maneira que as pessoas tem de rotular, como sexy sem ser vulgar, sofisticado, chulo, uma coisa ou outra não existe sozinha.
Diversas pesquisas têm indicado que o vídeo é o futuro das mídias sociais. Você lançou na semana passada um programa no formato reality show para o seu site. Qual é o seu objetivo?
Mostrar o meu dia a dia. Às vezes terá coisa de trabalho, às vezes de bobeira, mesmo. É óbvio que eu escolho o que quero colocar e o que não quero. Não estou querendo fazer da minha vida um reality show, mas, quando tenho crises existenciais e pergunto por que estou fazendo isso, que eu poderia enveredar para um outro caminho no qual eu não estivesse tão exposta, me lembro de que gosto da troca. Tem um lado maravilhoso, em ter um alcance gigantesco. Eu amo a troca – inspirar, aprender, conviver… trocar, mesmo. Poder fazer isso por meio de coisas menos taxadas como profissionais é muito legal. Me deixa mais próxima das pessoas de um jeito positivo.