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Equidade de gênero na mobilidade

Suad Kamardeen/Unsplash

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Na sociedade brasileira, o machismo aparece em várias áreas. Apenas 3% das mulheres no Brasil ocupam cargos de liderança, segundo estudo da Bain & Company. Na política, a representatividade também é mínima: as mulheres ocupam 13% do total das cadeiras do Senado e 15% na Câmara dos Deputados. E no setor de mobilidade urbana a participação feminina é igualmente pequena, o que motivou, recentemente, uma iniciativa da sociedade civil para formular uma Carta-Compromisso pela Garantia do Direito de Equidade e Paridade de Gênero na Construção de uma Mobilidade Urbana para Todas as Pessoas.

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As mulheres são a maioria entre os usuários de ônibus e metrô e as que mais fazem deslocamentos a pé nas cidades brasileiras. Deveriam, portanto, ser vozes fundamentais nos setores ligados ao transporte e mobilidade urbana, influenciando nas políticas públicas e participando do planejamento das cidades. Só que não. O setor é dominado por homens, que planejam o sistema sob uma ótica antiquada e carrocrata, sem pensar nas cidades como espaços humanizados, inclusivos e saudáveis, que acolhem a diversidade da população.

Segundo a urbanista Meli Malatesta, especialista em mobilidade ativa, nossas cidades foram construídas à revelia das mulheres, pessoas idosas, pessoas de todas etnias não-brancas, pessoas com deficiência e pessoas pobres. “E, da mesma forma, o sistema de mobilidade urbana de São Paulo se desenvolveu, negando a 99% da população o direito de decidir e de colaborar para a construção de espaços mais humanos e inclusivos. O mesmo comportamento excludente é visto na composição das secretarias e órgãos da administração direta e indireta, gabinetes de infraestrutura e transportes e demais espaços de tomada de decisão: há um predomínio maciço de homens brancos ricos nesses espaços”.

O objetivo dessa Carta-Compromisso é garantir a segurança e autonomia nos deslocamentos das mulheres, que sofrem com a violência e o assédio nas ruas e no transporte coletivo, e também de crianças, idosos, pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Não pode haver esse abismo entre as pessoas que decidem a mobilidade urbana e as que estão diariamente caminhando nas ruas. Calçadas estreitas e esburacadas, pontos de ônibus em lugares perigosos, ruas mal iluminadas, semáforos com tempos surreais, ausência de ciclovias, o uso de calçadas por estabelecimentos comerciais: tudo isso é uma afronta para a qualidade de vida dos cidadãos. As cidades não têm que satisfazer interesses econômicos variados ou privilegiar os mais ricos; elas devem, sim, trazer bem-estar, saúde e segurança para todos que vivem nelas.


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