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Mitos do Cruzeiro

Chega a ser emblemático perceber que, justamente em São Januário, fortaleza que por tantos anos simbolizou o coronelismo retrógrado de Eurico Miranda, Zezé Perrella tenha nos brindado com um populismo rasteiro típico dos toscos cartolas que ainda predominam no futebol brasileiro. Muitas críticas têm sido feitas por jornalistas de outras praças aos comunicadores mineiros. Algumas justas, outras não. Curioso me parece, contudo, notar que, só em Minas Gerais, Perrella – ainda – é levado minimamente a sério por um número significativo de torcedores e analistas. Sequer flertar com a crença de que ele representaria uma ruptura, uma lufada de ar fresco em meio à maior crise institucional na qual o Cruzeiro se enfiou pela péssima gestão da dupla Itair/Wagner, denotaria provavelmente ou uma ignorância intransponível, ou um medo de se manifestar patológico. É triste diagnosticar como no nosso estado, personagens da mídia representaram veementemente o segundo tipo mencionado: os mesmos que são leões para destruir um Eurico Miranda da vida, se provaram “gatinhos” na hora de aliviar para Perrella.

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Fazendo justiça, muitos profissionais seguem honrando seus espaços quando opinam sobre o assunto em tela. Deixando vários ótimos colegas de lado, só para citar três que vêm se provando tão enfáticos quanto inteligentes nas críticas ao ex-senador que, como uma raposa, voltou a tomar o poder na Toca, aplaudo Eduardo Panzi, Heverton Guimarães e Vinicius Grissi.

O brasileiro não costuma revelar muita habilidade para atribuir a alcunha de “mito”. As mais pitorescas das figuras andam recebendo este apelido. Antes mesmo das últimas eleições presidenciais no Barro Preto, pelo farto e nada republicano histórico que edificara no Ipatinga, Itair deveria ser alvo, no mínimo, de desconfiança. E, salvo exceções, nos últimos anos, o que se viu por nossas bandas foi uma mistura de omissão com deslumbramento em torno do cartola que, com a anuência de Wagner Pires de Sá, mandava em tudo.

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