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Nova escalação?

Em todos os aspectos – físico, técnico, tático –, é muito difícil tirar conclusões definitivas no futebol por causa de um jogo. Quem dirá em função de uma partida tão peculiar como a do Cruzeiro no último domingo, quando o Santos teve um atleta expulso logo aos 5 minutos. Considerando as passagens de Rogério Ceni no Fortaleza e no São Paulo, suas entrevistas, sabemos de sua predileção por uma marcação, em geral, mais avançada, agressiva – Mano costumava preferir baixar as linhas na fase defensiva, gostava de um combate mais próximo da sua própria área. Na estreia de Ceni foi possível notar a Raposa apertando a saída de bola inimiga com um bloco bem alto, situado nas imediações da retaguarda oponente. Nestes instantes, se via a equipe montada num 4-2-4, com o quarteto de frente, em linha, formado por Marquinhos Gabriel, aberto pela direita; David, pela ponta canhota; Pedro Rocha e Thiago Neves por dentro. Com a entrada de Fred na vaga de Egídio, TN10 passou a trabalhar como uma espécie de segundo volante, frequentemente sendo um “quinto elemento” por trás do quarteto que incomodava mais diretamente os zagueiros do Peixe.

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Por um lado, poderíamos associar este novo comportamento do escrete cinco estrelas à filosofia do novo treinador. Por outro, ele mesmo reconheceu na coletiva pós-jogo que não estava no planejamento um posicionamento tão avançado na fase defensiva – a vantagem numérica teria mudado seu plano inicial. Cabe-nos esperar, em médio prazo, como o novo Cruzeiro se postará.

Antes mesmo da saída de Romero escrevi aqui que, sem Edílson e Orejuela, com o deslocamento do argentino para a lateral, e a perda de Lucas Silva, o Cruzeiro tinha uma nova carência: a ausência de um segundo volante confiável – Cabral, por sua falta de dinâmica, estava longe de se consolidar como uma certeza. Também por isso, Ceni escalou Dodô ao lado de Henrique no domingo. Não houve “invencionismo”: era algo plausível tanto pelas características da peça que entrou, quanto pelo contexto geral, pelas lacunas do plantel. Caso se mostre em condições físicas para tal, e na medida que Ceni dificilmente o escalará como um “ponta-armador” pela direita – como Mano fazia –, Robinho, por ter mais agilidade, mais vivacidade do que Cabral, por se aproximar mais da figura de um meio-campista completo, deverá surgir como alternativa para este setor.              

No que tange às diferenças de filosofia entre Mano e Ceni uma questão me parece estimulante: como o segundo geralmente adota uma saída de bola, desde a defesa, com três jogadores – os dois zagueiros e o primeiro volante –, e situa a primeira linha mais à frente, beques mais rápidos e de bom passe podem ganhar espaço. Fabrício Bruno se enquadra mais neste perfil do que Léo – que por sua vez, dentro do seu estilo, faz boa temporada. Feito o exposto, e não esquecendo aspectos como a liderança de Léo, afinal, com Ceni, qual será, em médio prazo, o companheiro de Dedé?

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