O governo acabou no domingo. A aprovação do impeachment pela Câmara com arrasadores 367 votos favoráveis, 25 acima do necessário, liquidou as chances de sobrevivência. O avião, que já estava sem piloto, agora está com as turbinas se incendiando. O governo se tornou um corpo carcomido e insepulto, um zumbi que só o que pode fazer é espernear, enquanto se segura nas pontas dos carpetes do Palácio do Planalto para não ser despejado. Em cerca de 20 dias a votação no Senado mandará a patota para casa. Mas o que vem depois?
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Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu em Tietê, interior de São Paulo, em 1940. Tornou-se advogado, professor e especializou-se em Direito Constitucional. Entrou na política no início dos anos 80 a convite de Franco Montoro, que o fez procurador-geral do Estado e depois Secretário de Segurança, cargo que ocuparia duas vezes em momentos distintos. Deputado federal por seis mandatos, presidiu a Câmara em três ocasiões, duas no governo FHC e uma no governo Lula. Em 2001, chegou à presidência do PMDB, maior e mais influente partido do Congresso Nacional, e lá permaneceu por tanto tempo justamente porque é um conciliador interno, alguém que ouve, convive e respeita as várias tendências partidárias. Ele próprio manejou internamente e acabou escolhido para ser o vice na chapa de Dilma Rousseff em 2010, justamente porque com uma candidata novata e sem estofo, o PMDB havia se tornado peça fundamental na sustentação do governo. E agora que o impeachment da presidente se encaminha? Temer trabalhou incessantemente para que isso ocorresse…
Diante da pocilga ética, moral, fiscal, econômica e política que se tornou o país, Temer terá dois caminhos distintos a escolher. Um deles é o mais difícil: fazer as reformas profundas que o país precisa para, quem sabe, um dia possamos colocar os pés no terreno das nações desenvolvidas. Isso certamente lhe dará apenas dois anos e meio de gestão, com reeleição improvável, mas terá nascido o estadista. O segundo é fácil, populista, acomodador, mas aprofundará a crise. Em qualquer um dos caminhos, Temer poderá ser abatido pela ação no TSE que pede a cassação da chapa por receber dinheiro do petrolão.
O domingo passado entrou para a história. Se Temer entrará, vai depender do caminho.
Diego Casagrande é jornalista profissional diplomado desde 1993. Apresenta os programas BandNews Porto Alegre 1a Edição, às 9h, e Rádio Livre, na Rádio Bandeirantes FM 94,9 e AM 640