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O futebol brasileiro encolheu

Leonardo Meneghetti colunistas twitterA chegada do zagueiro Diego Lugano ao São Paulo escancara a redução de expectativa do futebol brasileiro. O uruguaio de 35 anos não mostra um futebol em alto nível há, pelo menos, três temporadas. É um veterano em evidente declínio físico e técnico, mas que dá ao torcedor do clube a esperança de retornar aos tempos vencedores. Soma-se a isso o desmonte do atual campeão brasileiro. O Corinthians já perdeu seis titulares neste começo de ano. E claro que isso contagia e acomoda a dupla Gre-Nal. A realidade do futebol brasileiro mudou.

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Observem o episódio envolvendo Lugano, que volta ao São Paulo depois de dez anos. Já no PSG, entre 2011 e 2013, dava sinais da queda física. Acabou emprestado ao Málaga, depois ao pequeno West Bromwich e então ao sueco BK Hacken. Agora, estava no paraguaio Cerro Porteño. A queda é evidente. Na Copa do Mundo de 2014, fez duas partidas constrangedoras e foi sacado do time. E então o São Paulo, depois de aposentar Rogério Ceni, investe no veterano zagueiro que foi recepcionado por mil enlouquecidos torcedores no aeroporto. Decepção à vista!

Também surpreende o desmanche do Corinthians, que perdeu Jadson, Renato Augusto, Ralf e agora também o zagueiro Gil para a China, mais Wagner Love para o Monaco. Alexandre Pato também não fica e outros titulares poderão deixar o atual campeão brasileiro. Tite já perdeu a paciência com tamanho assédio e sabe que a qualidade do time despencou.

Vejo duas exceções no horizonte. O Palmeiras, em processo de reconstrução depois da Série B e já com a taça da Copa do Brasil como consequência, e o Flamengo. Aliás, o clube carioca, embora sem estádio, tem tudo para alçar voos ambiciosos nos próximos anos. Renegociou e quitou algumas dívidas, fechou patrocínios milionários, reavalia a construção de um centro de treinamento moderno e imponente. Mas talvez sejam os únicos neste patamar, atualmente.

A nova realidade do futebol brasileiro fez o Grêmio criar eventos com status de contratação por simples renovações. E até nem acho errado que tenha feito isto, embora a ideia não me agrade plenamente. O problema mesmo é que o time tricolor é carente para encarar a Libertadores da América. As reposições para a zaga são medianas, a lateral direita continua uma incógnita e falta, principalmente, um armador para concorrer com o titular Douglas, além de um atacante. O Grêmio sustenta no trabalho de Roger toda sua expectativa para chegar ao tricampeonato continental.

O Inter também fez contratações modestas para 2016. Fernando Bob e Marquinhos até agregam ao grupo, mas isso não resolverá os problemas do time. Falta ainda um atacante, ao menos, e os laterais são instáveis. Apostar em Réver para a zaga é um risco altíssimo. E se Anderson for negociado para o futebol chinês, haverá a necessidade de reposição. Ou melhor: se Anderson não for negociado para o futebol chinês e o Inter recusar R$ 40 milhões haverá a necessidade de reposição do presidente!

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band-RS. Diariamente comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV.

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