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Entrevistas desastrosas

Cadu Doné Colunistas twitterA CBF é tão ruim, mas tão ruim que, noves fora a total ingerência com a qual atormenta o futebol brasileiro há anos, e os caudalosos escândalos de corrupção que protagoniza também há décadas, até em aspectos que, em diversas acepções, poderiam ser classificados de detalhes, a entidade parece exibir algo como uma expertise na incompetência. Um exemplo? As entrevistas. Dois dos depoimentos mais desastrosos de todos os tempos foram proferidos, recentemente, por importantes representantes da instituição.

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Ricardo Teixeira. Como negligenciar as tão inolvidáveis quanto estapafúrdias falas do homem de Boca Raton para a revista Piauí, em julho de 2011? O nível de surrealismo foi tão grande que é quase impossível definir em um texto sem subestimar. Raramente vi um indivíduo conhecido, ocupante de cargo badalado desfilar tanto descaso pelo público, pelas pessoas comuns; e, num movimento até certo ponto curioso, mas talvez menos surpreendente e até útil, decantar tanto desprezo pela própria honra. “Caguei montão” (para as denúncias da imprensa)…Quanto desapego, hein, Ricardo?! Quase um estoico, um filósofo cínico…Spinoza não teria essa sabedoria.

Em dezembro de 2015, coronel Nunes foi outro a se superar na arte de conceder uma entrevista catastrófica. Poucas linhas foram suficientes para o presidente interino nos brindar com seu despreparo para o cargo que ocupa. Não bastasse o gosto inacreditavelmente ruim de enxergar Marin e Del Nero como referências, o ex-PM sintetizou, em uma resposta, algo que escrevi neste espaço em diversas oportunidades: por razões óbvias, o foco ao se analisar a política e o futebol no Brasil têm sido, há muito tempo, a corrupção de personagens importantes da nossa vida pública; não se deve esquecer, contudo, de outro problema de magnitude pouco apreendida: a total falta de capacidade intelectual e de informações compatíveis com suas funções.

Ao ser indagado a respeito da possibilidade de os clubes organizarem os campeonatos no nosso país, eis a pérola do coronel: “Não dá para dizer de bate-pronto se essa é uma ideia válida ou não. É um caso que muito se comenta, mas que nunca foi aplicado. Precisa ser analisado. Só depois de um estudo poderemos dizer se vai dar certo. Existe alguma confederação no mundo que já faz isso? É uma incógnita muito grande”.

Você, torcedor, não tem a obrigação de saber que, por exemplo, na Inglaterra, a FA cuida só da seleção e da Copa do país; que a Premier League é gerida pelos clubes. Mas como um sujeito há tanto tempo protagonista no cenário político do futebol não tem conhecimento de algo tão óbvio ? Onde o Coronel estava este tempo todo? Na lua? Quem dera!

Cadu Doné é comentarista esportivo da rádio Itatiaia e da TV Band Minas, filósofo e escritor

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