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Bom para chinês e brasileiro

Cientistas e agricultores vivem um desafio permanente: alimentar a população mundial preservando o meio ambiente e enfrentando as variações do clima. É a aplicação do conceito de produção sustentável. O novo trabalho do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática da ONU aponta que os efeitos do aquecimento global são crescentes e contribuem, cada vez mais, para possíveis crises de escassez alimentar, desastres naturais e guerras.

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No Brasil, há previsão de escassez de água, tempestades e inundações, seca e falta de alimentos. Seria uma falácia afirmar que podemos plantar sem usar água. Ao contrário, para assegurar produtividade nas lavouras precisamos da irrigação. Inclusive no Rio Grande do Sul, Estado distante do Nordeste que tradicionalmente apresenta as imagens mais dramáticas dos efeitos da seca. A soja é a principal lavoura gaúcha e vem se expandindo para a metade sul, antes dominada pelo arroz e pecuária.

O melhor rendimento das lavouras de soja e milho está associado ao uso da irrigação. A oleaginosa ocupa lugar de destaque na balança de exportação do Estado, comprada principalmente pelos chineses. Mas precisamos enxergar além da China. Talvez o mais adequado seja aquém, no cardápio nosso de cada dia. O grão é utilizado para a fabricação de produtos como chocolate, temperos prontos, massas, misturas para bebidas, papinhas para bebês e alimentos dietéticos.

Do óleo extraído do grão (aproximadamente 15% da produção de soja em grão são destinados à fabricação de óleo), são produzidos óleo de cozinha, tempero de saladas, margarinas, gordura vegetal e maionese. Do processo de refinamento do óleo de soja, é obtida a lecitina, um agente usado para produzir salsichas, sorvetes, barras de cereais e produtos congelados. Indiretamente, sempre que comemos carnes estamos ingerindo soja. No Brasil, farelo de soja e milho, compõem a ração fabricada para a alimentação animal. É a transformação da proteína vegetal em proteína animal. A soja ainda é utilizada por diferentes indústrias como cosméticos, farmacêutica, veterinária, tintas e plásticos.

Na história comercial mais recente, pela segurança e abundância em termos de oferta, o óleo de soja se tornou a principal matéria-prima para a produção do biodiesel. Neste cenário, é verdadeira a expressão que há soja plantada em vasos de jardim e até em cemitérios. Eu vi, em Não-Me-Toque, soja semeada no entorno do cemitério da cidade.

Lizemara Prates é jornalista do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Apresenta o AgroBand, na TV Band, e tem comentários diários sobre agronegócio na Rádio Bandeirantes e na BandNews FM. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre

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