Ciência e Tecnologia

Primeiro computador analógico do mundo foi feito no ano 100 a.C

Físicos explicaram como funcionavam os primeiros computadores analógicos do mundo

Mecanismo Anticitera Artefato de bronze (ANDREAS SOLARO/AFP)

O Mecanismo de Anticítera, um dispositivo de 2.000 anos de idade considerado um dos primeiros computadores analógicos do mundo, surpreendeu novamente os pesquisadores. Um novo estudo liderado pelo astrofísico Graham Woan da Universidade de Glasgow determinou que o dispositivo utilizava um calendário lunar e não solar, como se pensava anteriormente.

ANÚNCIO

Descoberto em 1901 entre os destroços de um naufrágio perto da ilha grega de Antikythera, este mecanismo tem fascinado cientistas e historiadores por décadas. Este complexo dispositivo de relojoaria composto por pelo menos trinta engrenagens de bronze era capaz de realizar cálculos astronômicos com uma precisão surpreendente, mas sua função exata continuava sendo um mistério.

Um calendário lunar para a astronomia grega

As investigações iniciais sugeriram que o mecanismo funcionava como uma calculadora astronômica, prevendo as posições dos planetas e da Lua. No entanto, estudos posteriores revelaram que o dispositivo era ainda mais sofisticado: um calendário lunar que servia para medir períodos e posições de estrelas como o Sol e a Lua, além de seguir o movimento dos planetas conhecidos naquele momento.

Em 2020, uma equipe de pesquisadores usou imagens de raios X para estudar a estrutura interna do mecanismo. Eles descobriram que o dispositivo tinha um anel com furos espaçados regularmente, mas não foi possível determinar com precisão quantos existiam originalmente. As estimativas variavam entre 347 e 367, com a ideia predominante de que existiam 365 furos, correspondentes a um calendário solar semelhante ao atual.

Uma reviravolta inesperada: 354 ou 355 buracos e um calendário lunar

Woan, usando uma técnica de análise estatística chamada análise bayesiana, amplamente utilizada em astronomia, estudou a probabilidade do número de buracos com base nos que ainda estavam presentes. O resultado: o dispositivo tinha 354 ou 355 buracos, 10 a menos do que o estimado anteriormente. Este número coincide com um calendário lunar e não solar.

O uso de um calendário lunar pelo mecanismo de Anticítera fornece informações valiosas sobre como as culturas gregas mediam o tempo. Embora o calendário solar obtido pelo dispositivo fosse semelhante ao egípcio da época, a existência de um calendário lunar abre novas questões sobre as práticas astronômicas e culturais da antiga Grécia.

O estudo de Woan gerou controvérsia entre alguns especialistas, que questionam a validade da análise e a existência de um calendário lunar. No entanto, seu trabalho abre novas vias de pesquisa para entender melhor o funcionamento e o uso do mecanismo de Anticítera, uma relíquia da antiga Grécia que continua revelando seus segredos 2.000 anos após sua criação.

ANÚNCIO

Tags


Últimas Notícias