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Caso Miguel: mãe de menino morto e jogado em rio chora ao ser julgada no RS: “Eu sou um monstro”

Yasmin Rodrigues e a então companheira, Bruna Rosa, respondem pelo assassinato do garoto, em 2021

Elas são mãe e ex-madrasta do garoto
Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues (à frente) e Bruna Nathiele Porto da Rosa (no fundo) são julgadas pela morte do menino Miguel, no RS (Juliano Verardi/TJRS)

O julgamento de Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e a então companheira dela, Bruna Nathiele Porto da Rosa, respectivamente mãe e ex-madrasta do menino Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, entra no segundo dia nesta sexta-feira (5), no Rio Grande do Sul. As duas são acusadas de matar e jogar o corpo da criança em um rio, em julho de 2021. Ao ser ouvida no Tribunal do Júri, a genitora chorou e disse ser “um monstro”.

“Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu estou aqui, está todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que que ela [Bruna] pudesse fazer isso”, disse Yasmin, na quinta-feira (4), no primeiro dia de sessão.

Miguel foi assassinado no dia 28 de julho de 2021. Conforme a investigação policial, a motivação foi o fato do garoto atrapalhar o relacionamento entre Yasmin e Bruna. Assim, a mãe teria dado remédios ao filho, depois o colocado dentro de uma mala e jogado no Rio Tramandaí, na cidade de Imbé (RS).

Na noite do dia 29 de julho de 2021, Yasmin e Bruna denunciaram o desaparecimento do menino. As investigações apontaram que o casal estava envolvido na morte do garoto, que era vítima constante de violência e cujo corpo nunca foi encontrado.


Na ocasião, Yasmin foi presa suspeita pelo crime. Ao ser ouvida, ela dizia que não tinha certeza se o garoto já estava morto quando foi colocado em uma mala, mas confessou que o jogou no rio. Bruna também foi presa e acusada de homicídio, tortura e ocultação de cadáver. As duas mulheres estão presas preventivamente desde então.

Corpo da criança nunca foi achado; mãe e ex-madrasta são acusadas
Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, foi morto, colocado em uma mala e jogado em rio, no RS, em julho de 2021 (Reprodução/RBS TV)

Primeiro dia de julgamento

Ao ser ouvida no julgamento, Yasmin só respondeu a perguntas feitas pela sua defesa, segundo o site G1. Ela disse que deu remédios a Miguel e que Bruna o teria trancado no guarda-roupas depois disso. Mais tarde, ela viu o filho “já morto”.

“Eu vi a Bruna embaixo da mesa sentada tipo em posição fetal. Eu olhei pra ela e eu perguntei: ‘cadê o Miguel?’ Eu saí correndo para dentro do quarto do banheiro. Eu vi o Miguel deitado. Ele tava todo gelado, todo roxo. Eu mostrei para ela e eu perguntei o que tinha acontecido e ela falou que ele estava morto. O Miguel estava roxo e duro. Como que eu ia ir pra algum lugar e dizer que eu não matei, que eu só dei fluoxetina pro meu filho e que ele morreu com fluoxetina, que era um remédio que ele nunca tinha tomado?”, declarou Yasmin.

“Então, eu peguei ele no colo. Ele não estava vestido adequado, estava frio. Eu vesti um casaco bem quentinho, botei uma calça quente. Ela [Bruna] levantou e veio com a mala e falou que a gente tinha que a gente tinha que fazer alguma coisa. Ele estava quentinho. Ele estava um agasalhado. Aí eu peguei e botei [na mala]. Eu botei ele lá. Eu botei ele e levei até o rio”, disse a mãe do menino, aos prantos.

A genitora confessou que ficou magoada com Miguel, quando ele disse que não queria mais ser abraçado por ela. Assim, ela tinha pedido para que a avó passasse a cuidar dele. No dia em que ele morreu, Yasmin teria o dado uma surra. Ao ser questionada se merece ser condenada durante o julgamento, ela disse: “Óbvio”.

Bruna também foi ouvida e confessou que participou da tortura psicológica e na ocultação do cadáver de Miguel, mas negou que tenha matado o menino. “Eu tenho a ver com a tortura e a ocultação, a morte não”, disse ela.

Frieza

Ainda durante o primeiro dia de júri, foram ouvidos os investigadores e outras testemunhas do caso. Entre eles estava o delegado Antônio Ractz, que relatou que logo desconfiou da postura da mãe ao denunciar o desaparecimento do filho.

“Foi a pessoa mais fria que já vi na minha vida. A ausência total de sentimentos. Ela preocupada com a temperatura do ar condicionado, e eu queria saber da criança”, disse ele.

O delegado relembrou que Yasmin forçava o menino Miguel a escrever frases como “eu sou idiota”, “eu não mereço a mãe que tenho”, “eu sou ruim”, pois ele se recusava a ter amor por ela como mãe. As agressões e violência psicológica eram constantes, segundo o delegado.

Segundo dia de julgamento

O júri continua nesta sexta-feira, quando deve ser iniciado o debate entre defesa e acusação. Depois disso, o conselho de sentença, formado por sete jurados sorteados, sendo cinco homens e duas mulheres, define se as rés serão inocentadas ou condenadas pela morte de Miguel.

Ambas as rés respondem por homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. As qualificadoras são motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a vítima.

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