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Renato Cariani usava nomes de crianças para fraudar compra de hormônio de crescimento, diz PF

Influencer fitness e mais dois amigos foram indiciados por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro

Eles negam as acusações
Influenciador fitness Renato Cariani e mais dois amigos foram indiciados por desvio de produtos químicos para abastecer o narcotráfico (Reprodução/Instagram)

A Polícia Federal de São Paulo diz que o influenciador fitness Renato Cariani, investigado por desviar produtos químicos para a produção de toneladas de drogas, usava nomes de crianças para fraudar a compra de hormônio de crescimento. Trocas de mensagens feitas por ele com uma mulher mostrava a negociação de remédios com descontos, dentre eles, o Norditropin, conhecido como “GH”.

Conforme reportagem do site G1, as mensagens foram trocadas em julho de 2017. “Amiga, consegue dois nomes de crianças com os dados dos pais para mim, por favor. Preciso comprar mais daquele medicamento”, escreveu Cariani. “Consigo sim”, respondeu a mulher, identificada como Ellen.

Em seguida, o influenciador ressaltou que precisava da identidade dos pais para conseguir efetuar a transação. “Só comprar”, disse a mulher.

Em janeiro passado, o influencer e mais dois amigos foram indiciados pelos crimes de tráfico equiparado, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Os três respondem em liberdade.


Conforme a investigação, Renato Cariani, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth usavam a empresa Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., que vende de produtos químicos em Diadema, no ABC Paulista, para falsificar notas fiscais de vendas de produtos para multinacionais farmacêuticas. Esses insumos eram, na verdade, desviados para a fabricação de cocaína e crack.

Essas drogas abasteciam uma rede criminosa de tráfico internacional comandada por facções criminosas que atuam em São Paulo, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).

As investigações sobre o caso começaram depois que a Receita Federal suspeitou de depósitos de mais de R$ 200 mil feitos pela AstraZeneca para a Anidrol. Na ocasião, a multinacional negou que tenha comprado produtos da empresa de Cariani.

Assim, foram realizadas interceptações telefônicas de ligações e trocas de mensagens, feitas após autorização judicial, e o influencer e os dois amigos acabaram flagrados pelos agentes. Eles dizem que todos eles tinham conhecimento das fraudes e participavam ativamente do desvio dos produtos.

A PF diz que, em seis anos, o trio desviou cerca de 12 toneladas de acetona, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, éter etílico, fenacetina e manitol. Essas substâncias eram usadas pelo narcotráfico para transformar a pasta base de cocaína em pó e em pedras de crack.

Para justificar a saída dos produtos, Cariani emitiu cerca de 60 notas fiscais falsas e fez depósitos em nome de “laranjas”, usando irregularmente os nomes da AstraZeneca, LBS Laborasa e outra empresa.

Agora, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público, que vai decidir se oferece ou não denúncia contra os indiciados. A prisão deles não foi solicitada até o momento.

O que dizem Renato Cariani e os amigos?

Em nota enviada ao site G1, nesta terça-feira (30), a defesa de Renato Cariani disse que “o indiciamento ocorreu de forma precipitada, há mais de 40 dias, antes mesmo de Renato ter tido a oportunidade de prestar esclarecimentos”.

“De igual forma, as conclusões da Autoridade Policial expostas no relatório são equivocadas, e vêm sendo contraditadas no curso do procedimento. Apresentamos ao juízo dezenas de documentos que comprovam que Renato jamais participou de qualquer atividade ilícita, e temos a certeza de que sua inocência será reconhecida pela justiça”, afirmou a defesa.

Em vídeo publicado em seu Instagram, onde é seguido por mais de 7,7 milhões de pessoas, o influenciador negou envolvimento no esquema criminoso e disse que foi surpreendido pela operação da PF (assista abaixo).

Já os advogados de Roseli Dorth disseram que “as conclusões da Polícia Federal são gravemente equivocadas”. “A defesa de Roseli Dorth apresentou ao Ministério Público uma petição, acompanhada mais de mais 100 documentos, que comprovam a sua total desvinculação dos fatos apurados: Roseli Dorth não tem qualquer envolvimento com a prática dos crimes apurados”, disse a nota, também enviada ao G1.

“A investigação está pautada em premissas falsas, que não encontram o mínimo suporte da realidade dos fatos. Temos confiança de que a Justiça reconhecerá que são totalmente descabidas e infundadas as conclusões - fruto de inadmissíveis presunções - da Polícia Federal”, completou.

A defesa de Fabio Spinola não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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