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Os desafios do uso obrigatório de máscaras nas favelas de São Paulo

Funcionário de uma empresa pulveriza ruas da comunidade de Paraisópolis Lalo de Almeira/Folhapress

Fazer com que moradores de regiões carentes de São Paulo usem máscaras nas ruas a partir de quinta-feira (7) será um desafio. É a posição unanime de representantes do bairro mais atingido pelo coronavírus e das duas maiores favelas da cidade, ouvidos pela Rádio Bandeirantes.

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O equipamento de proteção individual será obrigatório em todo o estado, segundo decreto do governador João Doria (PSDB). O uso será exigido sempre que o paulista sair de casa. A fiscalização será feita por agentes sanitários estaduais ou pela PM (Polícia Militar).

A região da Brasilândia, na zona norte da capital paulista, concentra o maior número de mortes por covid-19 na cidade. Há pontos de venda de máscaras caseiras, com preços entre R$ 5 e R$ 10. Morador da região há 26 anos, o professor Gabriel Giacon disse que a distribuição pelo governo ajudaria quem não tem condições de comprar.

«Metade da população daqui já usa, você vê cinco crianças na rua empinando pipa, uma ou duas estão usando. No mercado, entre dez clientes, cinco e seis estão com máscara. Trazer essas máscaras para a população ajudaria bastante, principalmente a mais pobre, porque quem tem uma condição melhor já tem o conhecimento para comprar ou improvisar uma máscara em casa», afirmou.

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Em Paraisópolis, trabalha um grupo de costureiras voluntárias que confeccionam máscaras para distribuição gratuita. No entanto, na avaliação do líder comunitário Gilson Rodrigues, falta uma política pública voltada para a conscientização.

«As máscaras são um artigo muito caro para a população da comunidade, que já está passando fome, que já tem necessidades nas questões básicas. Eu aplaudo a iniciativa, mas precisamos criar condições para que toda a população possa ter acesso a isso, bem como outros produtos para o combate ao coronavírus», disse.

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Na maior favela de São Paulo, Heliópolis, carros de som têm divulgado mensagens com medidas preventivas. A líder comunitária Antônia Cleide Alves disse à Rádio Bandeirantes que apenas na terça-feira (5) cerca de 12 mil máscaras foram distribuídas. Segundo ela, idosos e os mais vulneráveis estão se protegendo, mas um grande problema tem sido conscientizar os jovens sobre os riscos do coronavírus.

“Uma grande briga que a gente tem são as aglomerações, como os bailes funk, ou o consumo do narguile, que usa o mesmo bico. Eu acho que os jovens estão pensando que não pegam (a doença).”

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