Em busca de conscientizar a população na prevenção e no combate ao câncer de colo de útero, neste mês ocorre a campanha ‘Janeiro Verde’. O câncer de colo de útero ocorre, em mais de 90% dos casos, em virtude do Papilomavírus Humano (HPV), com a infecção sexual transmissível atingindo em maior número as mulheres. A Dra. Elizabeth Jehá Nasser, professora de ginecologia no Centro Universitário FMABC e presidente da SOGESP (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), explica que o Papiloma Vírus Humano é um vírus altamente contagioso e a sua forma de transmissão se faz através de qualquer contato sexual direto. “Existem por volta de 200 tipos e alguns deles são os mais prevalentes para a parte genital”, diz Elizabeth.
De acordo com a Dra. Marcela Bonalumi, oncologista na Oncoclínicas São Paulo, o câncer de colo uterino é o quarto câncer ginecológico mais diagnosticado no mundo: aproximadamente 300 mil mortes anuais são atribuídas à doença, sendo o combate a esse tipo de câncer um desafio na saúde mundial. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), No Brasil a incidência em 2020 foi de 16.590 casos novos. Já em 2016, ocorreram 6.596 óbitos. “Outros fatores de risco associados ao câncer de colo uterino são: tabagismo, início precoce da vida sexual, grande número de parceiros sexuais, uso prolongado de anticontraceptivos, doenças auto imunes ou situações relacionadas com queda da imunidade, a qual leva maior risco para infecção persistente do vírus”, explica Marcela.
Para prevenir a doença, existe a distribuição gratuita da vacina Quadrivalente (contra os 4 tipos mais comuns de vírus do HPV) que pode se encontrada nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). “Esta vacina está disponível de forma gratuita pelo SUS para as meninas de 9 a 14 anos e para os meninos dos 11 aos 14 anos. Para essa faixa etária estão indicadas 2 doses, pois nesta idade o sistema imunológico apresenta uma resposta suficiente”, explica a doutora Elizabeth. A doutora Marcela também comenta o fato da vacina previnir contra outras doenças. “A imunização pode prevenir também o câncer de vulva, ânus, vagina e de pênis. Por isso, o ideal é que esse cuidado ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja uma exposição ao vírus”.
Além da vacina para as crianças, O SUS também contempla com 3 doses homens dos 9 aos 26 anos e mulheres de 9 aos 45 anos nas seguintes situações: vivendo com HIV/AIDS, transplantados, imunossuprimidos e pacientes oncológicos.
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Diagnóstico
Em estágios iniciais, o câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, costuma ser assintomático, sendo diagnosticado por rastreamento de rotina e exame pélvico. Os sintomas incluem sangramento vaginal anormal ou pós coito. Por isso, a Dra. Marcela fala da importância de exames de rotina. “No Brasil, o rastreamento com citologia oncótica é recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos e que já iniciaram atividade sexual. A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo de um ano. É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. Na prática assistencial, a anamnese adequada para reconhecimento dos fatores de risco envolvidos é fundamental para a indicação do exame de rastreamento”.
Tratamento
“Não existe tratamento específico contra o vírus”, informa Elizabeth. Porém, a doutora comenta que o tratamento é mais relacionado ao que o vírus pode causar. “Se existem verrugas, elas devem ser removidas, se existe lesão no colo do útero, ela deve ser tratada. Além disso, cuidados gerais devem ser estimulados, como uso de suplementos alimentares, a diminuição do tabagismo e do uso de álcool, bem como o controle do estresse, que compromete o sistema imunológico. É, portanto, um conjunto de ações com o objetivo de melhora do estado geral”, sugere a professora de ginecologia.
Tem cura?
Elizabeth explica que a infecção pelo HPV pode ser controlada, porém depende do estágio que o vírus se encontra. Por isso, as doutoras falam a respeito da importância do diagnóstico precoce e da realização do exame preventivo de Papanicolau.“Ele é muito importante para identificar lesões pré-cancerosas e agir rapidamente contra o câncer do colo do útero”, alerta Marcela. É importante ressaltar que os exames devem ser feitos mesmo para quem já foi vacinado contra o HPV, pois a imunização não contempleta todas as variações da doença

