Uma dançarina com um vestido esvoaçante luta com um minotauro que reflete seus demônios interiores em «Errand into the Maze», um dos trabalhos da Companhia de Dança Martha Graham que estreou no fim de semana no festival de balé de Havana, em Cuba, e foi ovacionado pela plateia.
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A trupe se apresentou na ilha comunista pela primeira vez desde 1941 e é uma de sete companhias norte-americanas que participam do evento de 10 dias, sublinhando o crescimento do intercâmbio cultural entre Cuba e os Estados Unidos visto desde a reaproximação entre os dois países.
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«A ovação de pé disse tudo», afirmou, radiante, a espectadora cubana Maria Antonia Armas, de 64 anos. «Foi fabuloso. Só espero que este intercâmbio continue a fluir».
Os balés cubano e norte-americano têm uma ligação histórica profunda, e o fundador da dança cubana, Ramiro Guerra, estudou na Graham de Nova York nos anos 1940.
Mas os laços foram prejudicados por cinco décadas de hostilidade ideológica em resultado da revolução de 1959 comandada por Fidel Castro.
«Sempre nos dizem que existe um mundo Martha Graham em Cuba do qual estamos distanciados há décadas», disse a diretora artística da companhia, Janet Eilber, em uma entrevista.
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«Sabemos que ele evoluiu do seu jeito, e em Nova York evoluímos do nosso jeito, então é muito interessante nos unirmos e encontrar nossos parentes sumidos há tanto tempo».
Embora tenha havido alguns contatos entre a dança cubana e a norte-americana nas duas últimas décadas, a reaproximação anunciada quase dois anos atrás está proporcionando uma abertura maior, segundo Eilber.
Por um lado, tornou a viagem e a obtenção de financiamento muito mais fáceis, disse ela. Os voos comerciais regulares foram retomados em agosto, e empresas aéreas dos EUA como a Jetblue estão dispostas a oferecer patrocínios para ganhar reconhecimento de mercado em Cuba.
Os espectadores cubanos disseram que as coreografias modernas e contemporâneas exibidas durante o final de semana de abertura do 25º festival de balé de Havana foram como um sopro de ar fresco.
Embora o balé cubano tenha fundido o melhor dos russos, franceses, italianos, ingleses e norte-americanos com o tempero latino e a sensualidade afro-cubana, seu estilo também já foi tachado de antiquado por ser baseado na abordagem da fundadora da escola, Alicia Alonso, de 94 anos, bailarina principal da companhia hoje conhecida como American Ballet Theater nos anos 1940.