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Urbanismo, cidadania, poesia e prosa sobre a tradição literária russa estão entre os temas centrais do segundo dia da Feira Literária Internacional de Paraty, nesta quinta-feira (31).
O circuito alternativo traz debates sobre ilustração, sociedade e literatura, políticas públicas para a leitura, além de lançamento de livros e apresentações de teatro e cinema. Cerca de 50 autores de 15 países participam da Flip. Pela primeira vez, a Rússia estará presente na mostra. O escritor russo Vladimir Sorokin participa às 15h de uma mesa com a ensaísta norte-americana Elif Batuman em que vão discutir literatura russa e temas afins.
Na programação da Flipinha, há musicais de estudantes de escolas da cidade, conversas com autores infantojuvenis e declamação de textos de Millôr Fernandes – homenageado da festa este ano.
Nesta quarta-feira (30), na mesa de abertura da festa literária, o crítico de arte Agnaldo Farias destacou o valor da obra de Millôr para a arte brasileira.
Ele apontou a erudição e a ironia como elementos presentes na obra gráfica de Millôr, que segundo ele, foi influenciada por vários artistas renomados como os espanhóis Miró, Picasso, o suíço Paul Klee, entre outros. O crítico classificou alguns cartoons mostrados na palestra de «pura poesia visual».
Em seguida, os humoristas Reinaldo Batista e Hubert Aranha, da trupe Casseta e Planeta, entrevistaram o cartunista Jaguar – amigo e parceiro de Millôr em jornais, como O Pasquim. Os cassetas, que trabalharam no Pasquim no fim no fim dos anos 70 e início dos 80, mencionaram a admiração pelo trabalho de Millôr que, segundo eles, foi vital para a escolha profissional de cada um.
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«No meu tempo não tinha Harry Potter, então, lia Millôr quando criança e sou o que sou também graças a ele», contou Reinaldo ao lembrar que a influência de Millôr na sua vida começou cedo.
Jaguar arrancou risos da plateia ao contar que Millôr não foi preso como a maioria dos demais integrantes durante a ditadura, devido à publicação do jornal O Pasquim, porque o carro ficou lotado, como os outros presos. «Felizmente, tudo aqui é uma esculhambação, inclusive a repressão. Então disseram que iam voltar para prendê-lo e como ele era um cara brilhante não ficou para esperar», destacou. «O Millôr foi o cara que mais admirei na vida. Era o maior intelectual, maior escritor, dramaturgo”, acrescentou.
O show de abertura, pela primeira vez gratuito, com a cantora Gal Costa, que tocou músicas do novo disco Recanto, além de clássicos de seu repertório, empolgou milhares de pessoas que se espalharam pela tenda da Flipinha e praças com telões que transmitiram o espetáculo.
Até domingo (3), estão previstas mais de 200 atividades, entre shows, lançamentos de livro, debates, exposições e exibições de filmes. A expectativa dos organizadores é receber cerca de 25 mil pessoas até o fim do evento.
As mesas oficiais da Flip podem ser assistidas ao vivo pela internet no site da Flip.