Ciência e Tecnologia

Inteligência Artificial é “ameaça à humanidade”, diz o Papa

Papa Leão XIV faz da inteligência artificial um dos temas centrais de seu mandato

Papa Leão XIV Stefano Spaziani - Europa Press (Stefano Spaziani - Europa Press/Europa Press)

Recém-empossado como líder da Igreja Católica, o Papa Leão XIV deixou clara sua prioridade: alertar o mundo sobre os riscos da inteligência artificial. Diante de uma sala lotada de cardeais, ele comparou essa revolução digital à era das fábricas do século XIX.

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Sua mensagem foi clara: a IA não pode avançar sem controle. E a Igreja, disse ele, está pronta para intervir.

Um Papa “tecnológico” com raízes matemáticas

Leão XIV escolheu seu nome em homenagem a Leão XIII, que defendeu os trabalhadores durante a era da industrialização. Agora, ele busca replicar essa missão, mas na era dos algoritmos.


Ao contrário de seu antecessor, Francisco, que certa vez confessou não saber usar um computador, Leão XIV tem formação em matemática e profundo interesse por questões tecnológicas.

E ele não está sozinho: o Colégio Cardinalício aplaudiu seu discurso, no qual alertou que a IA representa sérios desafios à justiça, ao trabalho e à dignidade humana.

Vale do Silício, Frente a Frente com o Vaticano

Por mais de uma década, empresas como Google, Microsoft, Meta e Cisco tentaram se aproximar do Vaticano. O objetivo: alinhar seu progresso à moralidade da Igreja e, no processo, ganhar legitimidade junto a governos e órgãos reguladores.

Embora o diálogo esteja em andamento, há tensões não resolvidas. O Vaticano está pressionando por um tratado internacional vinculativo sobre IA, enquanto muitas empresas querem apenas códigos de ética voluntários. A Europa está avançando com regulamentações concretas, mas nos EUA, sob o governo Trump, o movimento tem sido em direção à desregulamentação.

Uma postura cada vez mais firme

Francisco já havia expressado preocupação com os rumos da IA, mas agora Leão XIV assumiu o desafio com maior determinação. Segundo o Cardeal Giuseppe Versaldi, amigo próximo do Papa, “não se pode permitir que o progresso científico avance arrogantemente, às custas dos mais vulneráveis”.

O novo pontífice ainda não se encontrou pessoalmente com os gigantes da tecnologia, mas está preparando uma mensagem escrita para uma cúpula internacional sobre IA e ética que será realizada esta semana no Vaticano.

Representantes da Anthropic, IBM, Cohere, Palantir e Meta, entre outras, participarão, além de especialistas jurídicos e consultores de tecnologia.

Aliado moral ou crítico constrangedor?

A grande questão é se Leão XIV será uma voz conciliadora ou um desafio direto ao setor de tecnologia. A Microsoft já anunciou uma reunião com autoridades do Vaticano, e o Google busca uma reunião com o Papa.

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O diálogo continua. Mas desta vez, com um pontífice mais preparado e mais cético em relação à IA descontrolada. A mensagem é clara: a Igreja não quer ficar de fora da discussão tecnológica. E está pronta para causar impacto.

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