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Não antes dos 16 anos: pais se organizam contra o uso de smartphones por parte de estudantes

“Uma criança de 12 anos não está preparada”, dizem aqueles que defendem o adiamento da chegada do primeiro smartphone para crianças e adolescentes

A espanhola Elisabet Garcia Permanyer criou no final de setembro um grupo no WhatsApp no qual queria compartilhar suas preocupações com relação ao uso de smartphones por parte de crianças e adolescentes. De acordo com o El País, ela o fez porque “as notícias que me chegam são assustadoras; problemas de dependência, saúde mental, anorexia, suicídio”.

A resposta foi além das suas expectativas. Mais de mil pessoas de toda Barcelona se juntaram ao grupo e acabaram dando origem a um movimento que busca tirar os telefones inteligentes das escolas e evitar que as famílias comprem um smartphone para seus filhos ao completar 12 anos.

Na verdade, outro grupo de pais lançou há algumas semanas uma pesquisa para os pais de 15 escolas do bairro Gràcia em Barcelona, que já conta com mais de 900 respostas. Quais foram os resultados? Mais de 70% acreditam que os adolescentes não devem ter um smartphone próprio até os 16 anos.

Falta de maturidade

Quem está liderando essas iniciativas, é claro em indicar que os jovens não estão maduros o suficiente.

O problema é o acesso às redes sociais. Eles ainda não estão maduros o suficiente. O WhatsApp é para 16 anos. O que fazemos dando o WhatsApp para uma criança de 12 anos? Apesar de não usarem na escola, continuam depois em casa fazendo cyberbullying. Sejamos famílias conscientes e não demos uma arma que não daríamos se fosse tabaco ou álcool. Não está regulamentado e damos como se nada acontecesse. Chegará um dia em que não se dará devido ao mal que causa. Não é proibir, é não dar.

—   Marta Hernández, porta-voz

Existem mais associações de famílias que tentam se agrupar em outros municípios e bairros de Barcelona, como Sarrià ou Eixample. Na Catalunha, há grupos semelhantes em Sant Cugat, Cardedeu, Sabadell e Girona. Desta forma, o debate acabou se estendendo por toda a Espanha.

Qual é a gravidade da exposição às redes sociais e à internet?

A chegada de uma nova tecnologia com o impacto da Internet e das redes sociais representa, com certeza, um desafio, pois ainda não existe uma geração adulta criada 100% em torno de dispositivos conectados.

Existe alguma evidência de que os telefones são um risco para os jovens? “As preocupações sobre o impacto das redes na saúde mental, a extensão do ciberbullying, o fácil acesso a conteúdo explícito, os chats sem controle e os casos de abuso de adultos são respaldados por pesquisas, incidentes reais e ações legais”, diz Leen d’Haenens, professor da Universidade de Lovaina (Bélgica).

Alguns estudos focados nas consequências do uso de smartphones em jovens veem mais riscos do que benefícios em retardar seu uso. “Quando vejo estas coisas, questiono para que eu estou aqui há 15 anos pesquisando”, diz Gemma Martínez, pesquisadora do grupo europeu EUKids Online da Universidade do País Basco.

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