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A Síndrome de Estocolmo realmente existe?

Pesquisadores revisitam a síndrome que emergiu de um infame caso de sequestro há 50 anos

Jose P. Ortiz/Unsplash

Há cinco décadas, um notório criminoso, Jan-Erik Olsson, protagonizou um evento que se tornaria a origem de uma condição psicológica intrigante: a Síndrome de Estocolmo. Armado com uma submetralhadora, uma faca, um rádio transmissor, explosivos e cordas, Olsson invadiu o SverigesKreditbank, um renomado banco na Suécia.

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Sveriges-Kreditbank

Sveriges Kreditbank/Wikipedia

No entanto, o que se tornou mais notório não foi o assalto em si, mas o que se desdobrou nos seis dias seguintes. Durante esse sequestro, o psiquiatra Nils Bejerot, contratado pela polícia para auxiliar na situação, fez uma alegação que até então nunca havia sido ouvida: ele afirmou que uma das reféns, Kristin Enmark, havia desenvolvido um vínculo emocional com seu sequestrador, o que caracterizou o primeiro caso documentado da Síndrome de Estocolmo, relatou o Mega Curioso.

No entanto, 50 anos após esse incidente, alguns pesquisadores questionam a existência real da Síndrome de Estocolmo. Kristin Enmark, ao longo de sua vida, negou veementemente ter desenvolvido qualquer afinidade com seu captor e afirmou que sua única motivação era a sobrevivência.

Alguns argumentam que o diagnóstico da Síndrome de Estocolmo pode ter sido uma tentativa de desviar a atenção do ressentimento que a refém sentia em relação à polícia, devido à aparente incapacidade de progresso nas negociações com o sequestrador.

Patty-Hearst

Patty Hearst/Wikipedia

Em diversos momentos, Enmark expressou medo das ações da polícia no local do sequestro, temendo que isso pudesse resultar na morte de todos os envolvidos. Isso levou alguns especialistas a rotularem o "medo da polícia" como irracional e, consequentemente, a associarem à Síndrome de Estocolmo.

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No entanto, um grupo de pesquisadores questiona se esse fenômeno é genuíno ou simplesmente uma narrativa imposta a uma mulher lutando pela sobrevivência.

Outro caso famoso da suposta Síndrome de Estocolmo ocorreu nos Estados Unidos em 1974, quando Patty Hearst, neta de um rico magnata, foi sequestrada pelo Exército Simbionês de Libertação.

Boatos sugeriram que Hearst se envolveu romanticamente com um de seus sequestradores, chegando a denunciar sua própria família e posar com armas. Ela acabou sendo presa e condenada a sete anos de prisão. Isso levanta a questão: até que ponto a Síndrome de Estocolmo é uma justificativa válida para tais atos?

Unsplash-Sander-Sammy

Sander Sammy/Unsplash

É importante notar que a Síndrome de Estocolmo não é reconhecida como um diagnóstico sério pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana ou pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). Alguns especialistas argumentam que pode ser mais uma estratégia de sobrevivência em situações extremas do que uma condição psicológica genuína.

Nos Estados Unidos, especialistas em aplicação penal afirmam que o fenômeno é raro e frequentemente superestimado pela mídia, muitas vezes transformado em tramas para livros, filmes e músicas.

Portanto, a maioria dos diagnósticos parece ter sido estabelecida pela mídia, em vez de profissionais da saúde mental, como uma explicação conveniente para o descontentamento dos reféns em situações de sequestro prolongado.

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