A Justiça condenou o cirurgião plástico Renato Tatagiba a 2 anos e 4 meses de prisão em regime inicial aberto por causar cegueira em uma paciente, em São Paulo. A iraniana Shirin Saraeian, que é naturalizada brasileira, passou por uma abdominoplastia e lipoescultura com o profissional em 2021, sendo que perdeu a visão total do olho esquerdo e parcial do direito. A decisão ainda cabe recurso.
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O caso foi revelado pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, em setembro de 2021. Na época, a iraniana disse que conheceu o médico pelas redes sociais e, após uma consulta, acertou para fazer as cirurgias plásticas. Os procedimentos foram realizados no dia 30 de abril de 2021 no Hospital Saint Peter, na Vila Clementino.
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Shirin contou que fez todos os exames pré-operatórios e passou pela abdominoplastia e lipoescultura na mesma cirurgia. Assim que deixou o centro cirúrgico, ela passou a sentir tonturas e dificuldades para respirar. Apesar disso, recebeu alta no dia seguinte.
A mulher continuou a se sentir mal e, no dia 3 de maio de 2021, percebeu que estava perdendo a visão. Ela entrou em contato com o médico várias vezes relatando a situação, mas houve demora na resposta.
O quadro de saúde da iraniana só piorou e, no dia 4 de maio de 2021, ela foi internada na emergência do Hospital Edmundo Vasconcelos com quadro de anemia aguda pós-operatória. Após receber bolsas de sangue, ela teve alta no dia 6 de maio, quando já teve a cegueira total do olho direito e parcial do esquerdo confirmada.
A paciente processou o cirurgião plástico e, na última sexta-feira (17), ele foi condenado. A juíza Juliana Trajano de Freitas Barão determinou os 2 anos e 4 meses de prisão em regime aberto, mas, pelo fato do médico ser réu primário, substituiu a sentença por medidas alternativas, como a prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas e também o pagamento de multa de 50 salários mínimos.
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Tatagiba terá que indenizar a vítima em R$ 300 mil pelos danos causados após os procedimentos. “Considerando a extensão do dano, a gravidade dos fatos, as condições econômicas do réu, mostra-se razoável a fixação a título de indenização pelos danos causados à vítima no importe de R$ 300 mil a ser devidamente atualizado, observando se o disposto no art. 45, § 1º, do CP”, escreveu a magistrada na decisão.
O que disseram o médico e a paciente?
Em entrevista ao G1, a defesa do cirurgião plástico disse que não concorda com a decisão e vai recorrer. “A defesa técnica do dr. Renato Tatagiba informa que discorda veementemente da decisão judicial proferida. Dentro do prazo legal, será oportunamente interposto o recurso cabível, o qual consideramos possuir grandes chances de sucesso, com base em sólidos fundamentos jurídicos”.
Já a defesa da iraniana ressaltou que a decisão judicial foi correta. “Diante de todas as provas, em especial as provas técnicas produzidas pelo IML e Cremesp, o Poder Judiciário atuou de forma acertada ao condenar criminalmente, mais uma vez, Renato Tatagiba por ter se furtado de sua responsabilidade médica. Resta saber, agora, se o Conselho de Medicina permitirá que ele continue fazendo novas vítimas, tendo em vista que esta não é primeira, e talvez não será a última vítima de Renato Tatagiba”, afirmou o advogado Rodrigo Martini.