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“O que passou na mente dele?”, pergunta jovem jogado de ponte por PM

Em entrevista, Marcelo Amaral afirma que quase morreu na mão de um policial que estava desequilibrado

Reprodução
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Marcelo Amaral, de 25 anos, foi jogado do alto de uma ponte, em São Paulo, no domingo (1), por um policial militar. “Quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado. Não tem o que falar. O que passou na mente dele pra ele me jogar da ponte?”, disse ele em entrevista exibida neste domingo (8) no ‘Fantástico’.

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O PM que cometeu o crime é Luan Felipe Alves Pereira, de 29 anos. Ele é soldado de um batalhão de Diadema, no ABC, o 24º, e trabalha na Rocam, a Ronda Ostensiva com Apoio de Motos. Luan foi preso na quinta-feira (5).

Acontecia um baile funk. Imagens em redes sociais de outros dias dão ideia do grande movimento quando há festa no bairro.

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Marcelo Amaral contou, em depoimento, que não estava no baile funk, que só passava de moto pela região quando se deparou com diversos policiais com cassetetes.

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Ele disse que se assustou quando viu PMs correndo em sua direção. Uma nova imagem mostra o que aconteceu na sequencia: Marcelo para em cima da ponte, desce da moto e sai correndo. Policiais vão atrás dele. E todos saem do alcance da câmera.

Nesse momento, segundo Marcelo, o soldado Luan Pereira o agrediu com golpes de cassetete na cabeça e nas costas. A câmera de segurança mostra quando ele volta com dois policiais.

Segundo Marcelo, Luan ameaça : “Você tem duas opções: ou você pula da ponte, ou eu jogo você e sua motocicleta daqui”.

Uma pessoa também registra a cena com o telefone. Um dos PMs leva a moto de Marcelo. O soldado Luan Pereira segura a vítima pela camisa. O rapaz não reage e o PM olha pra baixo.

“Isso eu disse pra ele: eu não sou ladrão e a minha moto não é roubada. Minha moto tá certinha. Nada de errado. Em nenhum momento da abordagem pediu documentação da moto”, contou Marcelo ao ‘Fantástico’.

Depois disso veio o desfecho da abordagem policial. O soldado Luan pega Marcelo pela perna e o arremessa do alto da ponte. “Uma sensação horrível, a partir do momento que ele falou pra mim que ia me jogar da ponte, eu não sei voar. É impossível”, contou Marcelo.

Em depoimento à polícia, o jovem contou que caiu dentro deste córrego, que é bem raso. São poucos centímetros de profundidade. E tem um cheiro muito forte de esgoto. Dá pra perceber pela cor da água. O rapaz contou ainda que caiu de joelhos e foi socorrido por moradores da região. O ‘Fantástico’ trouxe uma trena, dessas usadas em obras, pra saber a altura exata dessa queda: são 3 metros e 70 centímetros. Marcelo disse que não se machucou muito na queda. Segundo ele, o ferimento na cabeça foi por causa dos golpes de cassetete do soldado Luan. Marcelo levou 8 pontos.

Na ficha do soldado Luan Pereira, constam pelo menos 3 processos em que suspeitos de roubo e receptação teriam partido para o confronto - o que não aconteceu agora, no caso da ponte.

Dois processos são de 2019. Luan se justificou dizendo que foi recebido a tiros e precisou revidar. Um dos suspeitos foi baleado três vezes e acabou preso pelo PM. O outro também sobreviveu mas ficou paraplégico. Ele foi preso e cumpriu a pena.

O terceiro processo é do ano passado. O soldado disse que matou com 12 disparos um criminoso que havia atirado nele primeiro. Esse caso foi arquivado.

Nos três processos, a Justiça entendeu que Luan agiu em legítima defesa. Agora, depois de ter sido filmado jogando da ponte um jovem já dominado e desarmado, foi punido.

Luan tem dois advogados. Eles dizem que os policiais foram hostilizados no baile funk.

“Imagine você, cidadão de bem, à flor da pele, numa situação de estresse. A gente tem a certeza de que isso de algum modo contribuiu para o cenário. Não estamos dizendo se justifica ou não. Nós não estamos dizendo da atitude dele. Nós estamos dizendo basicamente é de um cenário, um contexto que existe por trás”, afirma Wanderley Alvez, advogado do soldado Luan.

“Se ele errou, ele já está pagando pelo erro. E diga-se de passagem, caro. Ele está pagando pelo erro e diga-se de passagem, caro. Mas que seja com dignidade também”, afirma Raul Marcolino, advogado do soldado Luan.

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