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Brigadeirão envenenado: cigana presa diz que sofreu tentativa de homicídio e foi ameaçada na cadeia

Suyany Breschak responde pela morte do empresário Luiz Ormond; Seap diz que detenta tentou se matar

Mulher chegou a ser internada, mas Seap diz que ela tentou se matar
Cigana Suyany Breschak, de 26 anos, presa pela morte de empresário que comeu brigadeirão envenenado, diz que foi agredida e ameaçada na cadeia (Reprodução)

A cigana Suyany Breschak, de 26 anos, que está presa pela morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44, que teria ingerido um brigadeirão envenenado, no Rio de Janeiro, afirma que sofreu uma tentativa de homicídio e foi ameaçada por advogados na cadeia. A mãe dela, Zoraide Caldeira Ivanovichi, disse que a filha precisou ser internada e ficou até entubada. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) nega as agressões e disse que foi a detenta quem cometeu uma tentativa de suicídio.

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Zoraide contou à coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, que tentou visitar a filha no Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira, no Complexo de Gericinó, no último fim de semana, mas não conseguiu. Foi quando ela foi avisada que Suyany estava internada no Hospital Hamilton Agostinho de Castro, que fica no mesmo local. A mãe disse que conversou com parentes de outras presas, que relataram que detentas tinham a atacado com um ventilador e socos no abdômen.

A advogada Janira Rocha, que representa a cigana, confirmou a denúncia da mãe e disse que vai registrar um boletim de ocorrência para que o caso seja devidamente apurado. A defensora revelou, ainda, que conseguiu ver Suyany na quarta-feira (4). “Ela estava com marcas de violência pelo corpo e entubada. Tentou balbuciar algumas palavras para dizer que havia sido vítima de uma tentativa de assassinato”, relatou.

Em nota, Seap confirmou que Suyany foi internada, mas isso ocorreu depois que tentou se suicidar. “Não procede o relato de que a presa citada teria sido agredida. A custodiada deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da penitenciária com sua integridade física intacta, após ingestão abusiva de medicamentos. A custodiada está fora de perigo e segue em observação no Hospital Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó”, destacou a pasta.

A defensora da cigana rebateu essa informação. “A Suyany disse que foi agredida. Eu acredito nela, até porque ela já havia feito essa denúncia antes. Quando estava desacordada, as presas enfiaram pílulas em sua boca para simular suicídio. Todas essas denúncias estarão em um boletim de ocorrência que vamos registrar”, afirmou.

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Ameaças de advogados

Em setembro passado, a cigana já tinha denunciado, por meio de cartas, que estava sendo ameaçada dentro da cadeia. Segundo ela, as ameaças vinham dos advogados que defendem a psicóloga Júlia Andrade Cathermol, de 29 anos, que era namorada de Luiz Marcelo e também responde pelo crime. Após serem presas e virarem rés no caso, elas trocam acusações.

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Suyany afirmou que a advogada Flávia Pinheiro Fróes disse que ela “apodreceria atrás das grades” e que seria vigiada por outras detentas. Já a defensora Hortência Menezes Pereira, que também integra a defesa de Júlia, a alertou que ela “sofreria as consequências” caso acusasse a psicóloga durante as audiências judiciais do caso.

Já a advogada Elker Cristina Jorge de Oliveira também a teria ameaçado dizendo que ela não deveria acusar Júlia, “pois ela conhecia outras detentas de Gericinó, onde ficou presa”.

Nas cartas, a cigana ainda citou ameaças do seu ex-advogado, Etevaldo Viana Tedeschi, que teria afirmado que colocaria internas contra ela, impediria visitas aos filhos e tomaria seus bens caso fosse destituído de sua defesa.

Conforme a coluna “True Crime”, a atual defesa da cigana registrou um boletim de ocorrência a respeito dessas ameaças na 34ª Delegacia de Polícia (Bangu). Procurados pela reportagem, os advogados citados pela cigana negaram veementemente as acusações.

Suspeita é que cigana arquitetou plano e psicóloga executou
Polícia acredita que a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, matou o namorado envenenado a mando da cigana Suyany Breschak, de 28, no RJ; ambas estão presas (Reprodução/Redes sociais)

Morte do empresário

Luiz Marcelo foi achado sem vida no último dia 20 de maio. Dois dias depois, Júlia prestou depoimento em uma delegacia e deu detalhes sobre como era a convivência dos dois. Reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, mostrou trechos da oitiva da mulher, que aparentava estar bem tranquila, chegando até mesmo a sorrir.

Em um trecho do depoimento, ela disse que teve um relacionamento com o empresário entre 2013 e 2017, mas que o namoro só foi oficializado em 2023. E abril deste ano, eles teriam passado a morar juntos. A jovem disse que logo depois disso eles passaram a brigar muito e percebeu uma mudança no comportamento do namorado.

Apesar da jovem ter alegado que deixou o apartamento do empresário no dia 20 de maio, quando ele ainda estava bem e chegou a fazer o café da manhã para ela, a polícia diz que nessa data o homem já estava morto.

Após prestar depoimento, Júlia foi liberada, mas passou a ser procurada com o andamento das investigações. Após ficar sete dias foragida, ela se entregou. A cigana, que foi apontada pela polícia como a mentora do crime, também foi presa na sequência.

A Polícia Civil investigou o caso e indiciou seis pessoas pela morte do empresário, que teria ingerido um brigadeirão envenenado. Além de Júlia e Suyany, foram indiciados: Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, Victor Ernesto de Souza Chaffin e Michael Graça Soares.

Em julho passado, a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ) e tornou rés Júlia e Suyany por homicídio, falsidade ideológica e associação criminosa.

Ambas seguem presas aguardando a data dos julgamentos, que ainda não têm previsão para serem realizados.

Ela está foragida
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, é suspeita de mata o namorado com brigadeirão envenenado; cigana seria a mentora do crime (Reprodução/X (Twitter))

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