Isabela Tibcherani Matias, filha do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, é a principal testemunha de acusação que será ouvida no júri popular, marcado para a tarde desta quinta-feira (10), no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. A jovem presenciou o crime e pediu para ser ouvida de forma virtual, pois não quer estar na presença do réu, mas a solicitação foi negada. A Justiça acatou, no entanto, uma recomendação do Ministério Público para que o genitor seja retirado do plenário durante a oitiva da jovem.
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“Ela é a principal testemunha de acusação. Ela não vai se resguardar, ela vai contar a verdade. Como ela disse, o garoto morreu nos braços dela”, afirmou o jornalista Valmir Salaro, que acompanha o caso desde o início e tem contato com Isabela, durante participação no programa “Encontro”, da TV Globo.
Além de Isabela, a mãe dela, Vanessa Tibcherani, também presenciou o crime e deve ser ouvida durante o júri popular. Dois amigos de Cupertino, que o ajudaram na fuga, também serão julgados na ocasião. A previsão é que a sessão dure dois dias, mas tudo depende do andamento das oitivas e posicionamentos da acusação e defesa.
Cupertino, que é réu por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. Agora, por meio do advogado dele, afirma que viu quem foi a pessoa que atirou no ator. Essa tese deverá ser apresentada por eles no júri popular.
Relembre o caso
O MP-SP afirma que Cupertino cometeu os assassinatos na frente da casa onde Isabela morava com a mãe, no bairro Pedreira, Zona Sul de São Paulo, no dia 9 de junho de 2019. Segundo a acusação, o empresário chegou armado e atirou em Rafael Miguel e contra os pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel. A motivação foi porque ele não aceitava o namoro de sua filha com o ator.
Isabela e sua mãe presenciaram o crime, mas não ficaram feridas. O empresário fugiu na sequência e passou três anos foragido, sendo que nesse período ele se escondeu em outros estados e até em outros países. Ele só foi preso no dia 17 de maio de 2022, escondido em um hotel na capital paulista.
De acordo com as investigações do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, pelo menos quatro amigos ajudaram Cupertino na fuga. Porém, apenas dois deles tiveram as participações comprovadas pela polícia e respondem ao processo.
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Condenado por uso de documento falso
Em agosto do ano passado, ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto e o pagamento de multa de 10 dias por usar uma Carteira Nacional de Motorista (CNH) falsa. Conforme o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o empresário falsificou o documento usando a foto dele ilegalmente junto com o nome e dados pessoais de um outro motorista.
O documento foi encontrado com ele no momento em que foi preso, em maio de 2022, em um hotel na Zona Sul da Capital, após passar três anos foragido. Apesar da pena ter sido definida em regime aberto, ele segue preso preventivamente em função dos assassinatos.
Mas as mortes de Rafael Miguel e seus pais não foi o primeiro crime de Cupertino. Em 1993, ele foi preso em Santos, no litoral de São Paulo, após participar de um assalto a um carro forte com outros comparsas, todos armados com metralhadoras, de acordo com notícia publicada pelo jornal “A Tribuna” à época.
No assalto, a quadrilha roubou Cr$ 2,5 bilhões (cruzeiros) do carro que transportava o dinheiro para o pagamento dos trabalhadores do porto de Santos. Os assaltantes usaram um carro e duas motos para a fuga. Na fuga, a moto de Cupertino foi deixada para trás e ele pediu depois a um comparsa que não estava ligado ao assalto para prestar queixa do roubo da moto, em uma tentativa de reavê-la.
O comparsa chegou a ir à polícia, mas pressionado pelos investigadores acabou revelando o verdadeiro dono do veículo e seu paradeiro. Ele foi preso logo depois. O carro usado na fuga foi encontrado no litoral. Ele havia sido roubado em São Caetano do Sul dias antes do crime.