A influenciadora, empresária e advogada Deolane Bezerra, que foi presa durante uma operação contra jogos ilegais e lavagem de dinheiro, segue na Colônia Penal Feminina do Recife, em Pernambuco. O programa “Fantástico”, da TV Globo, divulgou detalhes das acusações contra ela, que teve R$ 34 milhões bloqueados pela Justiça. Além disso, a reportagem destacou que a famosa é investigada por abrir uma empresa de apostas, com capital de R$ 30 milhões, para lavar dinheiro de jogos ilegais. Em uma nova carta aberta, ela reafirmou ser “inocente” (veja mais detalhes abaixo).
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Segundo o “Fantástico”, o esquema de lavagem de dinheiro começou a ser investigado em 2022, quando a polícia apreendeu um saco de dinheiro de jogo do bicho em uma banca no Recife. No local, foram recolhidos R$ 180 mil e um caderno de anotações. O local pertence a Darwin Henrique da Silva, apontado como bicheiro.
O nome de Darwin Filho, que é filho do bicheiro e dono da plataforma de apostas Esportes da Sorte, também apareceu nas anotações. A empresa dele é legalizada e tem sua sede em Curaçao, uma ilha do Caribe. Quem faz as apostas, deposita na conta de outra empresa, que tem sede em Curitiba, no Paraná.
“É uma estrutura ilegal de jogos que estava se beneficiando da estrutura legal para o branqueamento de capitais. A origem dos principais sócios dessa organização foi o jogo do bicho. Quando surgiu a bet e a bet foi legalizada, nós vimos a migração de pessoas que tinham sua atividade no jogo do bicho, que é ilegal, migrando para a bet”, explicou Alessandro Carvalho Liberato de Mattos, secretário de Defesa Social de Pernambuco.
Deolane é uma das garotas-propaganda da Esporte da Sorte. Em depoimento à polícia, ela disse que sua ligação com a casa de apostas era apenas para a divulgação de anúncios, porém, a polícia suspeitou do enriquecimento dela, que destacou que tem renda mensal de R$ 1,5 milhão, fruto de suas atividades como advogada e influenciadora digital.
A investigação descobriu que, em julho deste ano, Deolane abriu uma empresa de apostas com capital de R$ 30 milhões, que seria usada para lavar dinheiro de jogos ilegais. A suspeita é que a mãe da influencer, Solange Alves Bezerra Santos, que também segue presa, estava envolvida com as transações.
Por conta das suspeitas, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane e de R$ 14 milhões da empresa dela por suspeita de lavagem de dinheiro. Já a mãe dela teve R$ 3 milhões das contas bloqueados.
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Conforme o “Fantástico”, Solange disse em depoimento à polícia que suas movimentações financeiras são provenientes de publicidades. Entretanto, ela também teria dito “que não se recorda ou que desconhece” alguns valores.
A polícia explicou à reportagem que, para evitar que os valores fossem rastreados, o dinheiro ilegal era repassado de conta em conta várias vezes, até voltar ao mercado como se não fosse de origem criminosa. Os suspeitos também compravam imóveis, carros de luxos e até aviões, sendo que o patrimônio de alguns dos investigados eram incompatíveis com as rendas declaradas por eles.
A defesa de Deolane e Solange nega irregularidades e afirma que “mantém plena confiança na justiça e que segue trabalhando incansavelmente pelo restabelecimento da liberdade [das duas], convicto de que suas inocências serão plenamente comprovadas”.
Darwin pai está foragido e a defesa diz que ele aguarda o julgamento de um habeas corpus. Já Darwin filho se apresentou à polícia e ressaltou, em nota, que todos os seus rendimentos foram declarados. O empresário destacou, ainda, que a Esportes da Sorte não tem nenhuma ligação com jogo do bicho.
Deolane nega crimes em carta
No domingo (8), Deolane escreveu uma carta, publicada no seu perfil no Instagram, em que reafirma ser inocente e diz que não há provas contra ela por ligação com o esquema criminoso.
“Olha eu aqui de novo, tá demorando né? Sim, as coisas para mim sempre foram mais difíceis mas como operadora do Direito sigo aguardando prazos”, começou ela, que seguiu dizendo que é um alvo: “Não é fácil, uma mulher nordestina, mãe solo, criada por mãe solo, vinda de comunidade, chegar onde cheguei”.
“Agradeço imensamente o carinho e o apoio de todos, tenham certeza que não irão se arrepender, afirmo com todo o respeito que tenho por vocês, sou inocente e não há uma prova sequer”, destacou a famosa (veja a carta abaixo).
Prisão de Deolane e da mãe
Deolane Bezerra e a mãe, Solange, foram presas durante a “Operação Integration” contra uma organização criminosa voltada à prática de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Ambas foram detidas na manhã do último dia 4 de setembro, em Boa Viagem, no Recife.
Tanto Deolane quanto a mãe estão na Colônia Penal Feminina do Recife, onde participaram da audiência de custódia por meio de videoconferência. Ambas seguem mantidas em celas reservadas, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (SEAP/PE), por motivos de segurança. Elas tiveram as prisões preventivas mantidas pela Justiça.
O advogado tentou trocar a prisão por “medidas cautelares menos graves”, defendendo que o cárcere “causa danos irreparáveis à imagem, reputação e ao exercício de sua profissão”. Porém, o juiz Claudio Jean Nogueira Virgínio negou.
‘Operação Integration’
As investigações da “Operação Integration” começaram em abril de 2023, com objetivo de identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, uma organização movimentou R$ 3 bilhões com as ações criminosas.
Além da prisão de Deolane Bezerra, o juiz da 12ª Vara Criminal da Comarca do Recife expediu outros 18 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão no Recife (PE), Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba (PR) e Goiânia (GO).
De acordo com a Polícia Civil, também foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações, além de bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões.
A Justiça também determinou a imposição de medidas cautelares como entrega de passaporte, suspensão do porte de arma de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo.
Um avião que pertencia à empresa do sertanejo Gusttavo Lima também foi apreendido na operação. A assessoria do artista disse, no entanto, que a aeronave já foi vendida, apesar de ainda estar registrado como de propriedade do cantor.