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VÍDEO: Jovem que tem a ‘pior dor do mundo’ conta que foi abusada na infância: “Me batia e enforcava”

Carolina Arruda, 27, fez desabafo nas redes sociais; ela diz que vizinho também tentou estuprá-la em 2020

Jovem segue em tratamento em MG
Carolina Arruda, de 27 anos, que luta contra a 'pior dor do mundo', revelou que sofreu uma série de abusos sexuais (Reprodução/Instagram)

A jovem Carolina Arruda, de 27 anos, que ficou conhecida por lutar contra a pior dor do mundo, publicou uma série de vídeos nas redes sociais desabafando sobre abusos que sofreu na infância. Segundo os relatos, um familiar cometeu a violência sexual dos 6 aos 12 anos dela (veja mais detalhes abaixo). Além disso, em 2020, quando ela cursava medicina veterinária, um vizinho a “prendeu pelos braços” e tentou estuprá-la, mas ela conseguiu fugir.

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Sobre o caso mais recente, a jovem disse que a tentativa de abuso ocorreu em Bambuí, cidade mineira onde ela mora. Um vizinho pediu que ela desse remédio a um cachorro, já que estudava para ser veterinária, e, quando ela foi até a casa dele, o homem a agarrou.

“Um vizinho, que morava com a esposa enfermeira, pediu ajuda para dar um remédio ao cachorro. Eu disse que ajudaria quando a esposa dele chegasse do trabalho em casa, por volta das 19h. Por volta de 19h30 cheguei na casa dele e a esposa não estava. Somente depois descobri que a esposa já tinha mudado o horário de plantão dela há duas semanas e ele não me falou isso, na maldade. Depois de dar o remédio, fui saindo, mas ele me atacou, me prendeu pelos braços e começou a tirar minha roupa com a boca”, relatou a jovem.

Como tinha feito uma cirurgia que a deixava sem voz, ela não conseguiu gritar por ajuda. Mas, felizmente, escapou antes de ser estuprada. “ Eu consegui tirar uma força que eu não sei de onde veio. Eu consegui escapar pela lateral em um momento que ele se descuidou e levantou o braço e aí eu consegui escapar e fugir”, disse a jovem.

Carolina procurou a polícia e o caso foi registrado como importunação sexual. Apesar disso, o homem, que já tinha sido denunciado por outras vítimas, apenas pagou uma multa e passou dois anos com restrições para sair de casa no período noturno.

Abusos na infância

Carolina também revelou nos vídeos que, durante sua infância, foi abusada sexualmente por um familiar (veja abaixo).

“Eu sempre fui uma criança muito criativa, adorava brincar, fingir que eu estava dando aula para os meus animais, pois sempre tive o sonho de ser professora, gostava muito de ir para a escola. Mas, aos 6 anos, eu comecei a me retrair, a ficar triste, passei a ser uma criança que não gostava de contatos, não queria estar próxima à família, e isso aconteceu porque eu fui abusada por um parente meu dos 6 aos 12 anos dentro da minha própria casa”, começou ela.

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“Ele [abusador] me batia, me enforcava, e ele me ameaçou de morte várias vezes se eu contasse pra alguém da minha família. Ele ameaçou matar minha mãe, minha avó. Eu era criança, eu não entendia nada, então, eu realmente achei que ele faria uma coisa daquela. Com o tempo, eu passei a achar que o que ele estava fazendo comigo era minha culpa, pois, dentro da minha casa, eu estava de pijama curto, e meu pai sempre falava pra não usar roupa curta pra sair. E eu associei uma coisa à outra”, continuou a jovem.

Carolina lembrou que, normalmente, o parente visitava a família em épocas de férias, quando ela estava mais em casa. “Eu passei a pensar que o abuso era minha culpa também, pois eu não conseguia gritar. Eu não gritava, eu só ficava quieta. Eu também me culpo por isso, sei que não tenho culpa, mas como não me culpar por seis anos podendo gritar um ‘socorro’ e nunca ter gritado?”, lamentou.

A jovem citou ainda que, aos 13 anos, começou a namorar um jovem. Porém, o relacionamento também foi marcado por abusos, tanto físicos quanto psicológicos. Quando ela tinha 16 anos, engravidou e o rapaz queria que ela abortasse, mas Carolina optou por manter a filha sozinha.

Foi exatamente durante a gravidez que ela contraiu dengue e passou a sentir dores extremas. Após quatro anos de idas e vindas a hospitais, ela foi diagnosticada com a neuralgia do trigêmeo, doença conhecida por causar a “pior dor do mundo”.

Desabafos sobre abusos e tratamento

Carolina explicou na legenda dos vídeos que a decisão de expor as violências sexuais sofridas por ela veio após entender que para tratar a dor física, primeiro era necessário tratar a dor psíquica.

Ela, que chegou a fazer uma vaquinha para conseguir fazer uma eutanásia na Suíça, por não aguentar mais conviver com as dores, passou por uma cirurgia em julho passado, na Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais, que a deu esperanças de melhora.

No procedimento, ela teve eletrodos implantados na base do crânio e na medula, com objetivo auxiliar no controle da dor e dos sintomas da neuralgia ao cumprirem a função de estimular o nervo e impedir que a dor “seja transmitida” ao cérebro. Para tal, os eletrodos serão controlados via bluetooth por meio de um aplicativo instalado em um iPod.

Conforme explicação do médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas, onde Carolina é acompanhada na Clínica da Dor, a jovem conseguirá utilizar o iPod para emitir impulsos elétricos para estimular o nervo e “reprogramar” a atividade anormal. O tratamento segue em andamento.

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