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Falsa médica que usava carimbo de otorrino quer fazer confissão para evitar ser condenada, em SP

Marcela Gouveia, 37 anos, foi presa em flagrante e solta após pagar R$ 50 mil de fiança

Ela alegou que está na metade do curso de medicina e não via problema
Marcela Gouveia, de 37 anos, foi presa em flagrante usando CRM de médica homônima, mas solta após pagar R$ 50 mil de fiança (Reprodução/Redes sociais/TV Globo)

A farmacêutica Marcela de Castro Gouveia, de 37 anos, acusada de ser uma falsa médica, busca fazer um acordo com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para não ser processada. De acordo com o site G1, a defesa dela entrou com um pedido para que ela formalize uma confissão, o que evitaria a condenação, mediante algumas obrigações, que podem ir da prestação de serviços à comunidade até pagamento de multa.

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Marcela foi detida em flagrante em maio passado, quando atendia pacientes em uma clínica na Zona Oeste de São Paulo. Com nome parecido com o de uma otorrinolaringologista, ela usava um carimbo com o CRM da profissional. Segundo a polícia, a falsa médica chegava a cobrar R$ 700 por consulta e fazia a prescrição de medicamentos.

Na época, a médica dona do CRM contou em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, como conseguiu efetuar a “armadilha” que desvendou o caso. “Eu recebi um contato de uma pessoa que eu não conheço fazendo essa denúncia: ‘Oi, tudo bem? Você não me conhece. Eu estou aqui para te falar que tem uma pessoa usando o seu CRM’”, relembra a profissional.

A partir daí, ela pediu que uma amiga, a advogada Andrea Tessaro, agendasse um exame com Marcela. Assim, ela esteve no consultório no dia 30 de maio deste ano, acompanhada por uma investigadora da Polícia Civil.

“Ela fez várias perguntas. Um questionário por conta da prescrição do cannabis. Eu tenho a hérnia na cervical e como ela prescreve o cannabis e é usado a atualmente para dores crônicas, eu percebi que ela não ia dar receita do cannabis e solicitei que ela, se ela pudesse, me pedir alguns exames. Ela falou que não teria problema nenhum: digitou o pedido, assinou e carimbou”, detalhou Andrea.

No momento em que Marcela usou um carimbo com os dados da vítima em uma receita, a polícia deu voz de prisão por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.

“Acho que ela talvez gostaria de ser médica, né? E é isso que vem na minha cabeça, porque não me vem à cabeça outra coisa. Fiquei indignada no momento, mas raiva nenhum momento. Eu não tive”, afirmou a médica dona do CRM.

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Ao ser detida, Marcela alegou que não via problemas em usar o carimbo da médica, já que está no meio do curso de medicina. Após pagar uma fiança no valor de R$ 50 mil, ela foi solta.

Ela cobrava R$ 700 na consulta
Polícia diz que Marcela Gouveia exercia a medicina ilegalmente e usava de fama nas redes sociais (Reprodução/Instagram)

Processo

O caso foi denunciado pelo MP-SP e Marcela virou ré por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. No último dia 8, o promotor Rubens Andrade Marconi se manifestou sobre o pedido da defesa de confissão e citou que a ré é primária, “não ostenta conduta criminosa habitual, reside no distrito da culpa e não foi beneficiada por meio dos institutos da transação penal, suspensão condicional do processo e ANPP nos últimos cinco anos”.

Assim, será marcada uma audiência para formalizar a confissão e para que o magistrado defina as obrigações que serão impostas no caso.

A defesa de Marcela não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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