A funcionária administrativa Aparecida Moreira Santos, de 44 anos, viu um sonho do filho ser realizado no Natal passado. João Pedro, hoje com 12 anos, ama desenhar e pintar, mas lhe faltavam canetas, lápis e até folhas de papel. Em 2020, ele resolveu escreveu uma cartinha ao Papai Noel pedindo os materiais. Para tocar o coração do Bom Velhinho, chegou a mandar um desenho feito por ele. E não é que deu certo? O menino teve seu pedido atendido e, passado um ano, ainda brinca com o presente e cuida dele com carinho.
“Ele não acreditava que poderia ganhar aquelas coisas. Estávamos vivendo um período difícil, pois havíamos perdido o pai dele havia pouco tempo. Ter o pedido atendido fez que com que ele ficasse muito feliz”, lembra Aparecida, responsável por endereçar a carta do pequeno à Campanha Papai Noel dos Correios.
Dizem que a felicidade de um filho também é a felicidade de uma mãe, o que a moradora de Rio Grande da Serra, na Grande São Paulo, prova ser real. Para ela, a campanha é necessária, ainda mais em tempos de crise. “Trata-se de um trabalho lindo e acolhedor. As pessoas precisam acreditar que coisas boas ainda podem ser feitas. Passamos por dificuldades diariamente e nos falta o básico, mas campanhas como essa nos fazem ter um pouco mais de esperança”, diz.
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João Pedro ainda não sabe o que vai pedir ao Papai Noel esse ano. Ele ainda se diz muito contente com o presente do ano passado e, como contou sua mãe, um pouco surpreso por ter sido atendido. “Achei que ia demorar para ganhar o que pedi. Fiquei muito feliz. Ainda dá para usar todo o kit de desenho. Lembro que minha mãe me ajudou a escrever a carta e depois colocamos dentro de uma meia na sala. No dia seguinte, ela não estava mais lá”, conta a criança, envolvida pela magia natalina.
A campanha
A coordenadora da campanha Papai Noel dos Correios na região metropolitana de São Paulo, Marta Maria Manassero, conta que os pedidos das crianças costumam ser bem variados, indo desde roupas, bolas, bonecas, até produtos eletrônicos para estudo online. “Embora a campanha não disponibilize para adoção cartas pedindo alimentos, material de construção, remédios, entre outros objetos que fogem dos padrões entregues pela empresa, às vezes chegam esses pedidos até nós. Em outras edições, já recebemos solicitações para conhecer o Papai Noel, para ganhar planta carnívora, cama, cadeira de rodas, emprego e alianças para um casal de idosos”, enumera.
Neste ano, ação entra em sua 32ª edição e, como explica Marta, continua focada na importância da comunicação, da escrita e do estímulo do sonho e da esperança, promovendo a união de várias partes da sociedade - família, escola, padrinhos, empregados em geral, carteiros e sistema logístico dos Correios - para que um pedido seja realizado.
“A iniciativa nasceu entre empregados que observavam cartas endereçadas ao Papai Noel e se organizavam para apadrinhar os pedidos. Então, depois de 32 anos, é visível a importância que a Campanha Papai Noel dos Correios atingiu nacionalmente. É um momento aguardado anualmente tanto pelas crianças quanto pelos padrinhos. Em mais de três décadas, são cerca de 6 milhões de cartas atendidas”, diz a coordenadora.
Até esta semana, os Correios já receberam 239 mil cartinhas escritas por alunos matriculados em escolas públicas, até o 5º ano, e por crianças em situação de vulnerabilidade social até 10 anos de idade.
Este ano, com o avanço da vacinação contra a covid-19, a campanha será híbrida. O envio e a adoção das cartas podem ser realizados pessoalmente, nas agências participantes, e também no blog da campanha. A entrega de presentes deverá ser feita presencialmente, no ponto mais próximo da localidade indicada no blog até dia 17 de dezembro. Datas, locais e horários de atendimento dos pontos de adoção e entrega podem variar em cada Estado. Todas as informações estão disponíveis também no blog.
“Há muitas cartas e com pedidos variados. Um tempo dedicado à leitura delas, seja no blog ou em uma agência dos Correios próxima de sua casa, é uma vivência única que ainda pode resultar na realização de um sonho, com grande chance de impactar positivamente não só no desenvolvimento da criança que pediu o presente, mas todos ao redor”, incentiva Marta.
Quem já participou
A podóloga Andréia Nobre, de 50 anos, conhece a campanha natalina dos Correios desde 2008, quando participou pela primeira vez. “Eu sempre tive o hábito de pegar as chamadas sacolinhas, em instituições religiosas. Quando soube da iniciativa dos Correios, passei a participar”, conta.
Andréia diz que a realidade evidenciada nas cartinhas sensibiliza. “Ao ler os pedidos, você olha para o que tem dentro da sua casa e percebe o tamanho da dificuldade de algumas famílias. Tem crianças que pedem comida, explicando que o pai está desempregado e que gostaria de comer um doce no Natal, por exemplo. Já vi também netos pedindo roupas e cremes para as avós”, afirma. “E não se trata apenas do pedido de um presente. A criança conta o que está acontecendo na vida dela e, pela forma como aquelas palavras são colocadas, com aquela letrinha da criança, você percebe que aquilo tudo vem de dentro dela de fato, que nenhum adulto a mandou escrever o que está ali.”
Para Andréia, a campanha é extremamente séria, valiosa e estimula a solidariedade. “Neste ano, muitos pais estão desempregados. Se todos ajudarem um pouco, seja com a adoção das cartas ou mesmo de outras maneiras, talvez seja possível fazer o Natal dessas crianças bem melhor”, finaliza.