A Polícia Federal deflagrou a operação Pés de Barro, que investiga fraudes em compras de remédios de alto custo realizadas pelo Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, quando o chefe da pasta era o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), atual líder do governo Bolsonaro na Câmara.
De acordo com as investigações, a aquisição dos remédios foi feita por força de decisão judicial do Ministério da Saúde. No entanto, a empresa Global Gestão em Saúde – ligada à Precisa Medicamentos, que é investigada pela CPI da Covid no âmbito do escândalo Covaxin – não entregou os fármacos de alto custo Aldurazyme, Fabrazyme, Myozyme, Elaprase e Soliris/Eculizumabe.
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O pagamento antecipado sem o posterior fornecimento gerou prejuízo de cerca de R$ 20 milhões aos cofres públicos, segundo a Polícia Federal. “Foram encontrados indícios de inobservância da legislação administrativa, licitatória e sanitária, além do descumprimento de reiteradas decisões judiciais, com o aparente intento de favorecer determinadas empresas”, informou a Polícia Federal.
A falta de fornecimento dos medicamentos de alto custo comprados pelo Ministério da Saúde causou desabastecimento por “vários meses” dos estoques. Diante da escassez, centenas de pacientes que precisavam dos remédios ficaram sem suporte. De acordo com a Polícia Federal, estima-se que 14 pessoas podem ter morrido diante da falta dos fármacos.
A operação Pés de Barro deflagrada ontem colocou 61 agentes federais nas ruas para cumprir 15 mandados de busca e apreensão em seis cidades pelo Brasil: São Paulo (SP), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Montes Claros (MG), Recife (PE) e Maceió (AL).
As ordens foram expedidas pela 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. A polícia fez buscas em endereços ligados à Global, à BSF Gestão e à Precisa Medicamentos.
Conforme a Polícia Federal, os envolvidos “podem responder pelos crimes de fraude à licitação, estelionato, falsidade ideológica, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e corrupção ativa”.
Dois alvos da operação são ex-diretores do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, que até hoje, na gestão do presidente Jair Bolsonaro, tem forte influência de Ricardo Barros. O ex-ministro da Saúde durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e atual líder do governo federal na Câmara não está entre os alvos da operação de ontem da Polícia Federal.
Pés de Barro
A sugestiva expressão que deu nome à operação é uma “metáfora com origem no antigo testamento, referente à interpretação de um sonho do rei Nabucodonosor II pelo profeta Daniel. No trecho bíblico, verificam-se belas promessas, porém contraditórias na execução”, informou a Polícia Federal.