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85% dos brasileiros reduziram o consumo de algum alimento na pandemia

São muitas as combinações clássicas de um prato feito – que costuma levar arroz, feijão, alguma proteína animal, ovo e salada. Para maioria dos brasileiros, porém, a crise econômica provocada pela pandemia de covid-19 limitou as opções e fez com que diversas comidas saíssem da lista de compras.

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Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostra que 85% dos entrevistados reduziu o consumo de algum item alimentício desde a chegada da covid-19. O mais impactado foi a carne de boi, que passou a aparecer menos no carrinho de supermercado de 67% dos consumidores.

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A artesã Maria Isabel Theodoro, de 51 anos, costumava comprar carne bovina para consumir três vezes por semana. Agora, faz uma compra a cada 15 dias, caso encontre uma promoção. “Meu consumo mudou muito, vários itens que comprava antes não tenho como comprar mais. Atualmente tenho consumido apenas frango, verduras e legumes da estação.”

O estudo destaca também a menor procura por refrigerantes e sucos (51%), laticínios (46%), como leite e queijo, além de  pães (41%). O economista Rodolfo Coelho Prates, professor da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), afirma o cenário negativo vai além da pandemia. “A covid-19 contribuiu para desestruturar mercados e eliminar postos de trabalho, mas o dólar alto é outro fator que faz com que o produtor prefira atender o mercado externo, gerando escassez por aqui. Condições climáticas como as geadas e a seca em diferentes regiões também interferem nos preços. Com isso, temos alimentos mais caros e um consumidor com menor poder aquisitivo.”

Ao mesmo tempo, o levantamento aponta algumas alternativas buscadas pelo consumidor. A principal delas, o ovo, também fonte de proteínas, teve o consumo aumentado em 50% pela população. 

A pesquisadora da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), Rosana Salles, explica que o alimento é nutricionalmente adequado como substituto, mas alerta para a procura por alimentos industrializados, em especial os ultraprocessados. “O que observamos é que há um aumento de casos de doenças cardiovasculares, além de diabetes e da obesidade”, explica. 

O Datafolha aponta ainda  que frutas, legumes e verduras foram mais procurados por 33% dos entrevistados, assim como outros tipos de carne, como frango e porco, por 39%. Já o arroz e o feijão não viram alteração no consumo para quatro a cada dez consumidores. “Esse cenário começou a se construir antes da pandemia, em 2015, já motivado pela instabilidade política e econômica. Ao contrário da conta de luz ou do aluguel, que se podem negociar, com a alimentação isso não é possível. Então se cortam opções mais caras para manter a subsistência”, diz Rosana.

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