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Taleban vai proibir participação de mulheres no esporte

Mulheres protestam por seus direitos no Afeganistão

Autoridades do Taleban afirmaram que mulheres afegãs, incluindo o tradicional time de críquete do país, serão proibidas de praticar esportes. Em entrevista a uma emissora australiana, o grupo disse que o esporte feminino é “desnecessário”.

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“Não acho que as mulheres poderão jogar críquete porque não é necessário que as mulheres joguem esse esporte. Elas podem enfrentar uma situação em que seu rosto e corpo não estarão cobertos. O Islã não permite que as mulheres sejam vistas assim”, disse o vice-chefe da comissão cultural do Taleban, Ahmadullah Wasiq.

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Além de usar da lei islâmica para justificar a proibição, o Taleban argumenta que a repercussão da exposição seria prejudicial às mulheres. “É a era da mídia, e haverá fotos e vídeos, e então as pessoas assistirão. O Islã e o Emirado Islâmico [novo nome dado ao Afeganistão pelo grupo] não permitem que as mulheres joguem críquete ou pratiquem o tipo de esporte em que ficam expostas”, disse Wasiq. 

A fala da organização acontece um dia após uma grande retaliação do Taleban a protestos de oposição e a criação de um novo governo interino no país. Composto por nomes da “velha guarda” do grupo, os extremistas não conseguiram segurar por muito tempo a narrativa de que a nova gestão seria “moderada” em relação ao que se viu há 20 anos. 

Mas a mudança de tom pode ser um entrave para a relação do grupo com o exterior, já que a garantia de direitos femininos é vista por especialistas como uma das pautas que devem dominar a forma como o novo governo será avaliado por membros da comunidade internacional. 

Ao jornal britânico The Guardian, um porta-voz da União Europeia disse ontem, após uma análise inicial dos nomes anunciados pelos extremistas na terça-feira,  que não parece que o novo governo dispõe de “uma formação inclusiva e representativa em termos da rica diversidade religiosa do Afeganistão” como se esperava  que acontecesse e como o Taleban  havia prometido.

O conto do ‘novo Taleban’

Para Reginaldo Nasser, professor de relações internacionais da PUC-SP e coordenador do GECI (grupo de estudos sobre conflitos internacionais), mesmo com a presença de membros mais novos no Taleban, é improvável esperar mudanças nas doutrinas pregadas pela organização.

“De um lado, eles aprenderam que é preciso ter um certo apoio internacional. Mas, por outro, aquilo que é sua história, aquilo que é a organização em seu princípio doutrinário, não vai mudar. Pelo menos não imediatamente”, avalia o professor.

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