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Ministro da Saúde admite que cloroquina é ‘ineficaz’

(Jefferson Rudy/Jefferson Rudy/Agência Senado)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, compareceu ontem ao Senado para prestar o seu segundo depoimento na CPI da Covid-19. A reconvocação ocorreu porque a primeira oitiva foi considerada “contraditória e evasiva” pela comissão. Entre as novidades, o chefe da pasta afirmou que os medicamentos que compõem o chamado “tratamento precoce” contra o novo coronavírus não possuem eficácia comprovada. Há cerca de um mês, ele não comentou sobre os fármacos quando foi questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL).

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A mudança de posicionamento contrapõe o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), um dos defensores dos remédios cloroquina e ivermectina, por exemplo. Estudos científicos já comprovaram que os medicamentos não possuem eficácia. No entanto, parlamentares governistas e integrantes do próprio Ministério da Saúde ainda defendem os fármacos.

“Essas medicações não têm eficácia comprovada. Esse assunto é motivo de discussão na Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). Se eu ficar discutindo a discussão do ano passado, eu não vou em frente”, explicou.

Outra novidade no depoimento de Marcelo Queiroga foram os comentários sobre o grupo intitulado pelos senadores da CPI de “gabinete paralelo”, que segundo os parlamentares é formado por pessoas de fora do governo que auxiliavam de forma extraoficial o presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia no país.

Queiroga revelou que teve contato com o filho do presidente e vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), a médica Nise Yamaguchi, o empresário Carlos Wizard e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). O grupo é um dos alvos da CPI da Covid-19 por supostamente impulsionar teorias negacionistas no Brasil, que já perdeu mais de 475 mil vidas para o coronavírus

Apesar de ter recebido alguns dos integrantes do gabinete, o ministro negou a interferência deles nas decisões do governo federal. “Nunca vi esse grupo atuando em paralelo de forma alguma”, disse.

Filme repetido

Em alguns momentos do depoimento de Queiroga, a impressão era que um filme repetido estava passando na telinha do Senado Federal. Assim como em sua primeira oitiva, o ministro da Saúde foi novamente questionado sobre as aglomerações promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele voltou a proteger o chefe do Executivo.

“O presidente da República não conversou comigo acerca da atitude dele. Eu sou ministro da Saúde. Eu não sou um censor do presidente da República. Eu faço parte de um governo. O presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde. As recomendações sanitárias estão postas”, explicou Queiroga. 

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