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Endividamento atinge recorde entre mais pobres

Everton Silveira/Agência Freelancer/Folhapress

O índice de endividamento entre os brasileiros mais pobres atingiu um recorde em abril, segundo estudo do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). A pesquisa, feita em sete capitais – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Recife –, aponta que ao menos uma a cada cinco pessoas com renda familiar de até R$ 2,1 mil previa fechar as contas do mês passado no vermelho.

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O patamar é o mais alto da série histórica, que começou em maio de 2009. Também se iguala ao mês de junho de 2016, no auge da crise política e econômica provocada pelo processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Desta vez, porém, a situação é mais grave, já que menos pessoas estão conseguindo poupar para quitar as despesas – nesta faixa de renda, apenas 10,4% disseram conseguir guardar dinheiro. “Estamos há mais de um ano na quarentena, em que muitas famílias perderam emprego, tiveram a redução da renda e se tornaram autônomos ou informais. O auxílio emergencial teve uma interrupção no fim de 2020, além de uma redução neste ano. Ainda vivemos esse agravamento recente da pandemia, o que piorou a situação das famílias como um todo e as pessoas mais pobres sofreram mais que os demais”, explica a coordenadora de sondagens do Ibre-FGV, Viviane Seda.

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Para as demais faixas, o endividamento foi menor: 14,2% dos entrevistados com renda familiar entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil; 6,3% para quem vive entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil; e apenas 3,9% àqueles acima de R$ 9,6 mil.

“Já são índices historicamente menores, mas vivemos um momento em que a população como um todo freiou seu consumo. Pessoas nas faixas de renda mais altas, com maior poder aquisitivo, estão deixando de comprar e guardando esse dinheiro para usufruí-lo depois da pandemia”, diz Viviane. 

Para o Ibre-FGV, a expectativa é de que o endividamento volte a cair conforme o plano nacional de vacinação contra a covid-19 avance e a economia apresente melhora. “Com isso, as empresas terão uma recuperação que vai permitir novas contratações. E é isso que a faixa de renda mais baixa precisa, voltar para o mercado de trabalho.” 

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