Um ano após o início da pandemia de covid-19, que tirou a vida de quase 300 mil brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, nesta quarta-feira, a criação de um comitê nacional de enfrentamento da doença, com a participação de representantes dos três poderes.
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O grupo deve se reunir semanalmente para definir políticas nacionais para combater o avanço da covid-19 no território nacional, mas não estabeleceu qualquer agenda para o início dos trabalhos.
Resistente à vacinação desde o início da pandemia, o presidente mudou o discurso e disse que a intenção agora é “dedicar cada vez mais à vacinação no Brasil”.
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Bolsonaro, porém, voltou a mencionar o “tratamento precoce” da doença, argumento a favor do uso da cloroquina e outros medicamentos que já foi totalmente refutado por vários estudos científicos.
O encontro do presidente, ministros e governadores ocorre apenas um dia após o Brasil superar a marca de 3 mil mortos diários pela covid-19.
Em uma tentativa de minimizar a falta de comando do governo federal durante um ano de pandemia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM_MG) disse que a «doença agora é diferente de 2020» e que a reunião desta quarta-feira foi a «a expressão pura daquilo que a sociedade brasileira espera dos homens públicos». «Essa união significa um pacto nacional liderado por quem a sociedade espera que lidere, que é o presidente Jair Bolsonaro», disse Pacheco.
Durante a reunião, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o objetivo é fortalecer o SUS em todos os níveis para garantir agilidade na campanha de vacinação e deter a circulação do vírus. «Vamos fortalecer a assistência nos três níveis [do SUS] com criação de protocolos assistenciais. O sistema de saúde do Brasil dará a resposta que a população brasileira quer. Toda a nação se une agora para que cumpramos nosso dever.»
Criticas
O senador Alessandro Vieira (Cidadania) chamou o anúncio do governo de criação de um comitê anti-covid de “embuste” e disse que é só mais uma estratégia do governo para dividir o desgaste do presidente diante do atual cenário da pandemia.
Com um atraso de 1 ano e 300 mil mortos, Bolsonaro anuncia um comitê de crise, que vai se reunir semanalmente. Quem conhece Brasília sabe o nome disso: EMBUSTE. Só uma estratégia para dividir desgastes. Aceleração da vacinação, mais leitos de UTI e insumos? Nada, só enrolação.
— Senador Alessandro Vieira (@Sen_Alessandro) March 24, 2021
O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ironizou o anúncio, lembrando que em dezembro do ano passado o país já assistia a morte de pelo menos 190 mil pessoas, mas só agora, com a “nova cepa”, o comitê foi criado. «Nem com muito esforço dá pra acreditar nessa narrativa», disse.
Interessante como na declaração de hoje Bolsonaro quis responsabilizar a nova cepa como se somente agora estivéssemos vivendo um momento gravíssimo desta crise.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 24, 2021