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Pobres trabalham 100 horas mais para pagar a comida

Divulgação - Gettyimages

A sensação é a de trabalhar o mês inteiro e ter grana apenas para o básico? Pois o sentimento é real. Um estudo inédito da Observatório de Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) divulgado com exclusividade ao Metro Jornal mostra que a maioria dos brasileiros precisa ralar muito para pagar as contas do mês e tentar sonhar um pouco mais – com um carro, celular ou até uma escapada para o litoral.

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Os pesquisadores da universidade realizaram projeções baseadas no valor recebido por hora pelos trabalhadores que ganham um (R$ 1.100), três (R$ 3.300) e dez (R$ 11) salários mínimos. Para cada cenário, calcularam quanto é preciso trabalhar em dias e horas para pagar itens como alimentos, conta de água e luz, pacote de internet e bens duráveis como carro, celular e notebook.

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O resultado é um cenário extremamente desigual.  Uma pessoa remunerada com o salário mínimo precisa trabalhar 100 horas mais que a que ganha dez salários para comprar a cesta básica de alimentos. Os com menor remuneração trabalham quase metade do mês (14,35 dias) para arcar com a comida. A pesquisa leva em consideração a cesta básica medida pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) na Grande São Paulo.

Para este público, o trabalho mensal é suficiente apenas para o básico. Comprar um carro popular, avaliado em cerca de R$ 45 mil, demandaria trabalhar por 1.000 dias, aproximadamente. A situação não é tão mais confortável para quem está no meio do caminho, com três salários mínimos. É preciso trabalhar praticamente um ano inteiro para comprar um carro. Um smartphone de R$ 1.500 consome ao menos 11 dias de labuta.

A projeção mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), baseada em dados de 2018 e 2019, mostra que a renda média conquistada pelo brasileiro com trabalho é de R$ 2.308. Um terço da população vive com até um salário mínimo. Para 43% das famílias, o rendimento total não ultrapassa R$ 2.862. Já a fatia das famílias com mais de R$ 9.540 alcança apenas 12%.

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