O preço dos combustíveis vai subir de novo, em movimento de alta acelerada desde o início do ano com a valorização internacional do barril de petróleo. A Petrobras anunciou ontem reajustes para a gasolina, diesel e GLP (utilizado no gás de cozinha). Os valores de venda nas refinarias para as distribuidoras entram em vigor a partir de hoje.
O preço médio da gasolina passará a ser de R$ 2,25 por litro, refletindo aumento de R$ 0,17 no preço de venda. O diesel passará a custar R$2,24 por litro, alta de R$ 0,13. Já o valor do GLP passará a ser de R$ 2,91 por kg (equivalente a R$ 37,79 por 13kg), aumento de R$0,14 por kg (equivalente a R$ 1,81 por 13kg).
É a terceira alta apenas neste ano para a gasolina e a segunda do diesel, com elevação de 22% e 11%, respectivamente, desde o fim de dezembro. Como o Metro Jornal mostrou na edição do dia 1o de fevereiro, o gás de cozinha já se aproxima dos R$ 100 na Grande São Paulo, com alta acumulada de 49% desde janeiro do ano passado para o consumidor.
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“Os preços praticados pela Petrobras têm como referência os preços de paridade de importação e, dessa maneira, acompanham as variações do valor dos produtos no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo”, explicou ontem a Petrobras na nota sobre os reajustes. A política foi adotada em 2017 como forma, principalmente, de não desabastecer o mercado. A Petrobras não consegue atender 100% do consumo no Brasil e por isso precisa de ambiente competitivo aos importadores.
O preço internacional do barril de petróleo atingiu ontem o maior valor em um ano, alcançando a marca de US$ 60 (cerca de R$ 322). O combustível sobe com o otimismo do mercado, influenciado pelos pacotes fiscais dos Estados Unidos e a vacinação contra a covid-19 em vários países.
A alta do combustível no mercado interno tem elevado a pressão de categorias como os caminhoneiros contra o presidente Jair Bolsonaro. Mas uma possível interferência política nos preços é vista como negativa pelo mercado.
Bolsonaro disse ontem que o reajuste causaria uma “chiadeira” com razão, mas que não poderia intervir. “Daí o cara fala ‘você é presidente do quê?’ Ô, cara. Vocês votaram em mim e tem um monte de lei aí. Ou cumpre a lei ou vou ser ditador. E para ser ditador vira uma bagunça o negócio e ninguém quer ser ditador e… isso não passa pela cabeça da gente”, declarou.
Para tentar acalmar os ânimos, o presidente estuda reduzir impostos que incidem sobre os combustíveis. Para cortes no PIS/Cofins, a equipe econômica já teria alertado Bolsonaro sobre a necessidade de se compensar em outro imposto a queda na receita.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse ontem em entrevista à agência eprb que o governo deve enviar projeto para o ICMS, que é um imposto estadual. “O que se pretende discutir com o Congresso Nacional é como esse cálculo desses tributos estaduais será feito, ou sobre o preço na refinaria, ou sobre um preço especificado a ser estabelecido pelas assembleias legislativas”, afirmou.
“Hoje [ontem] estávamos reunidos com a equipe econômica do Paulo Guedes vendo a questão do impacto desse novo reajuste no combustível ao qual nós não temos como interferir e não pensamos em interferir na Petrobras.”
Jair Bolsonaro, presidente da República
‘Alta mexe com toda a rede de consumo’
Professor de economia da faculdade Ibmec, Alexandre Pires explica que a alta dos preços nos combustíveis deve continuar neste ano com a recuperação das economias pós-pandemia. Ele afirma que, historicamente, a população brasileira busca alternativas para deslocamentos em cenários como este. “Mais pessoas procuram andar a pé ou de bicicleta. Há também redução do uso de gás de cozinha. Mas os combustíveis são vitais, a margem de controle é pouca. Então muitas famílias abrem mão de comprar outros produtos para equilibrar os gastos e há reflexos na economia como um todo.”