A campanha de imunização contra o novo coronavírus, enfim, está caminhando no Brasil, com diversos estados iniciando a vacinação em idosos. Já está comprovado que os imunizantes são seguros, mas outras dúvidas sempre podem surgir. Confira tudo que você precisa saber sobre a imunização de acordo com o microbiologista da USP e coordenador dos projetos educacionais do Instituto Questão de Ciência, Luiz Almeida.
Já peguei covid-19. Preciso tomar a vacina?
O Brasil já registrou mais de 9 milhões de casos do novo coronavírus. No entanto, o contaminado não cria imunidade após a infecção. Portanto, mesmo quem já pegou a covid-19 precisa tomar a vacina. “Não dá para saber ao certo a carga viral da pessoa contaminada. A dose será o reforço imunológico para que o organismo tenha um arsenal de combate melhor. O surgimento das novas variantes também agrava a situação, então é necessário tomar a vacina”, afirma Luiz.
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Posso transmitir o vírus mesmo depois de vacinado?
Esse é o principal motivo para que as pessoas continuem utilizando máscara. É muito provável que a vacinação também diminua a transmissão do coronavírus. No entanto, a vacina foi desenvolvida para evitar que as pessoas adoeçam devido ao covid-19, e não para barrar o contágio completamente. “Países como Israel, por exemplo, que está com a campanha de vacinação em estágio avançado, já vê a transmissão diminuir, mas para comprovar isso são necessários outros tipos de testes que não foram utilizados no desenvolvimento das atuais vacinas”, informa o microbiologista.
Posso ser infectado por causa da vacina?
Vá sem medo. Não há qualquer chance de a vacina contra a covid-19 te contaminar com o coronavírus. “A técnica utilizada pela vacina Coronavac (do Instituto Butantan), por exemplo, é a do vírus inativado, que não tem possibilidade de causar a doença, apenas ‘treina’ nosso sistema imunológico para lidar com o vírus de fato”, afirma Luiz. Inclusive, todos os lotes de vacinas recebidos até o momento foram testados para verificar se o vírus estava realmente inativado, como forma de garantir a segurança da população.
Gestantes podem se vacinar?
As vacinas ainda não estão sendo aplicadas em gestantes porque não há comprovação de que o imunizante protege ou faz mal para elas. Isso ocorre porque o grupo não participou dos estudos clínicos para comprovação da eficácia das vacinas. Esse tipo de teste será feito após a evolução da vacinação pelo mundo. “No entanto, esse grupo é prioritário na campanha da vacinação contra a gripe, por exemplo. A técnica de imunização da Coronavac é a mesma da vacina da gripe. Mas, por enquanto, as gestantes não devem tomar”, diz.
As vacinas causam efeitos adversos graves?
Não deixe ser levado pelas fake news, as vacinas contra a covid-19 não vão instalar um chip manipulador em seu corpo ou modificar o seu DNA. Tampouco causam os chamados efeitos adversos graves, como morte. Os resultados dos estudos clínicos das vacinas desenvolvidas até o momento em todo o mundo não registraram casos deste tipo. O máximo que pode acontecer, até o momento, é ter febre moderada, dor de cabeça e dor no local da aplicação. “As pessoas podem tomar a vacina tranquilamente”, confirma o especialista.
Por quanto tempo a vacina nos protege?
Ainda não dá para saber. Isso porque as pesquisas para chegar a uma conclusão sobre o tema são demoradas. Na visão dos especialistas, o mais importante no momento é imunizar o máximo de pessoas, para frear as internações e mortes, e continuar os estudos. “Pode ser que, no futuro, teremos que tomar a vacina contra a covid-19 todos os anos, como é feito com a gripe. Mas, no momento, não podemos afirmar por quanto tempo as vacinas contra o coronavírus que temos em mãos nos protegem”, explica.
Posso tomar uma dose de cada vacina?
Se você tomou a primeira dose da vacina Coronavac, o ideal é tomar a segunda do mesmo imunizante. O mesmo vale para a Oxford/AstraZeneca. Isso porque ainda não se sabe se a resposta imune do organismo será suficiente se duas vacinas forem misturadas. Inclusive, começaram neste mês estudos no Reino Unido para verificar se a aplicação de dois imunizantes diferentes tem a eficácia necessária. “Mal ao organismo não vai fazer, só que precisamos descobrir se a eficácia será satisfatória. Isso ajudaria para não sobrecarregar apenas um fabricante”, afirma.
Podemos chegar à desejada imunidade de rebanho?
A imunidade de rebanho ocorre quando um vírus é controlado porque parte significava da população está imune. Esse tipo de proteção é calculado com base na eficácia geral dos imunizantes utilizados. Com as vacinas Coronavac e Oxford/AstraZeneca, as duas utilizadas atualmente no Brasil, precisaríamos de 90% da população do país vacinada para que a imunidade de rebanho seja atingida. “Por isso é importante que o maior número de pessoas tome o imunizante” diz o microbiologista.
Depois de vacinado posso parar de usar máscara?
Quem toma a vacina tem o risco mínimo de desenvolver qualquer grau da doença. No entanto, os testes feitos até o momento não possuem dados suficientes mostrando que o vacinado para de transmitir o vírus. Então, neste primeiro momento, mesmo quem tomar o imunizante precisa manter as medidas para prevenir a disseminação do coronavírus, como usar máscara, utilizar álcool em gel e evitar aglomerações. “Até porque o número de vacinados é muito inferior aos que ainda não tomaram o imunizante”, diz o especialista.