Aliados de Bolsonaro vencem eleições no Congresso Nacional
Os próximos passos da política no Brasil serão pautados diretamente pelo resultado de ontem das eleições no Congresso Nacional. Aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foram os escolhidos pelos parlamentares para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, no próximo biênio 2021-2022.
Lira recebeu 302 votos, contra 145 de Baleia Rossi (MDB-SP) e levou a disputa no 1º turno. Mais do que uma vitória para Bolsonaro, o resultado marca uma dura derrota para Rodrigo Maia (DEM-RJ). O deputado viu o próprio partido pular do barco de seu candidato – Baleia Rossi – um dia antes da eleição. Ele, inclusive, chorou em seu último discurso como presidente da Câmara. Foram mais de quatro anos no cargo.
A votação de ontem também elegeria a Mesa Diretora da Casa, formada por dois vices-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes. No entanto, Lira anulou o pleito, que deve ocorrer hoje. Ele também cancelou a formação do bloco que apoiou Baleia Rossi.
No Senado, Rodrigo Pacheco angariou 57 votos entre os senadores e venceu Simone Tebet (MDB-MS), sua única adversária na disputa, que recebeu apenas 21. Os outros postulantes retiraram a candidatura momentos antes da votação e indicaram apoio à senadora. Mas não foi o bastante para vencer Pacheco.
Ambos os eleitos defenderam em seus discursos a urgência em pautar as reformas econômicas que atualmente estão travadas no Legislativo, como a tributária e a administrativa. Os parlamentares prometeram agilidade das discussões sobre os assuntos. O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, comemorou o resultado das eleições no Congresso Nacional pelo Twitter.
E agora?
Engana-se quem acha que a eleição do deputado federal Arthur Lira é assunto encerrado. Sua vitória foi construída após uma intromissão direta do governo Bolsonaro e, de forma direta, do presidente da República.
A eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados é uma vitória do governo Bolsonaro, que espera ter condições de fazer avançar pautas caras ao seu eleitorado mais cativo, como são as agendas de liberação de armas, escola sem partido e a exclusão de ilicitude, para ficar em três exemplos na área dos costumes e da segurança pública.
Ademais, não se pode descartar que a partir desse bloco de partidos que apoiaram a candidatura de Arthur Lira se construa o suporte e as alianças para a reeleição de Bolsonaro. Em definitivo, a eleição no Congresso Nacional descortina um cenário pouco alentador sob qualquer ângulo. O centrão, que abriga os partidos que apoiaram a candidatura de Arthur Lira, não brinca em serviço e o preço a ser cobrado do governo será alto e contínuo. Com efeito, o pacto de mútuo interesse firmado entre o centrão e o presidente Bolsonaro vai custar caro à sociedade e à democracia brasileira.
CÂMARA
Vencedor
Arthur Lira: 302 votos
Segundo colocado
Baleia Rossi: 145 votos
SENADO
Vencedor
Rodrigo Pacheco: 57 votos
Segunda colocada
Simone Tebet: 21 votos