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Preço do botijão de gás já ultrapassa R$ 90 em São Paulo

Reaquecimento no mercado de petróleo trouxe altas nos combustíveis, inclusive ao GLP utilizado no gás de cozinha. Revendedores ameaçam desabastecer o mercado se Petrobras não rever política de preços. Caminhoneiros também pressionam hoje por causa do diesel

O gás de cozinha está bem mais caro neste mês e um dos grandes vilões da “facada” no orçamento doméstico é o petróleo internacional. Pois é, quem fixa os reajustes do GLP, gás derivado do petróleo e matéria-prima dos botijões, é a Petrobras. Desde 2017, a empresa adotou política de paridade com os preços internacionais em seus principais combustíveis. Para o GLP de uso residencial, a regra veio a partir de 2019.

É por conta desta política que também tiveram altas recentes a gasolina e o diesel. O aumento do diesel é motivo de queixa dos caminhoneiros, que prometem paralisação hoje no país. O litro do combustível está desde quarta-feira passada R$ 0,09 mais caro. A gasolina também subiu: R$ 0,10.

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Mas nenhum deles disparou tanto quanto o gás de cozinha. Levantamento realizado semanalmente pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostra que o preço do botijão de 13 kg já é encontrado por mais de R$ 90 na Grande São Paulo. O valor máximo verificado pelos pesquisadores foi de R$ 94,90. Em média, o botijão de 13 kg sai por R$ 75,70 no estado. O preço é 49% maior que o verificado na pesquisa da ANP de janeiro de 2020, R$ 50,74. O consumidor paga neste ano cerca de R$ 25 a mais pelo produto.

A Petrobras afirma que o consumo do GLP cresceu durante a pandemia, resultado de mais pessoas em casa. O crescimento de 5,3% veio no sentido contrário de outros combustíveis, que tiveram queda durante o isolamento social.

Soma-se ao aquecimento no consumo a nova disparada do petróleo no mercado internacional. O combustível é impulsionado pelo otimismo com a vacinação em vários países e a expectativa de reaquecimento da economia.

A Petrobras afirma que não é a única responsável pela formação do preço que chega ao consumidor. O produto vendido nas refinarias é 48% do total, diz informação no site da empresa. Há ainda participação de impostos e valores embutidos pelas revendas.

Em São Paulo, o aumento do ICMS estadual de 12% para 13,3% – que faz parte do ajuste fiscal do governo, também pode ter impactado nos preços deste mês.

O presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili, afirma que os valores altos do botijão afetam também os revendedores e vê chances de desabastecimento do mercado caso não haja redução.

Assim como os caminhoneiros, o setor também planeja realizar manifestações no dia de hoje. “Não é greve, mas é muito próximo disso. Não oriento mais os revendedores a fazer empréstimos para atender capital de giro. Assim como o consumidor não está mais conseguindo comprar o botijão, nós também não estamos. Orientamos as revendas a comprar aquilo que pode, e ponto final. Está sujeito a desabastecer o mercado? Sim”, afirmou. Borjaili sugere que o preço do GLP seja tabelado, com base nos custo da produção do combustível.

A tendência para o ano é que o preço continue a subir, avalia o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, em entrevista à Rádio Bandeirantes. “A gente imagina que vai ser um ano em que o preço da gasolina, do diesel e do próprio botijão de gás deve continuar crescendo caso a política da Petrobras seja mantida.”

Por que seguir o valor internacional?

A Petrobras afirma que a política de preços acompanha a paridade internacional para que o combustível fabricado no país tenha competitividade com o produto importado. Apesar de ser grande produtora, a empresa diz não ter capacidade de atender sozinha todo o mercado interno.

“Por isto, se o preço do diesel [por exemplo] no Brasil ficar abaixo do mercado internacional, nenhuma empresa vai querer importar”. As opções nesse cenário seriam, segundo a empresa, deixar o mercado desabastecido ou importar e revender com prejuízo.

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